Na semana passada estivemos visitando a Casa da Memória, projeto que nasceu da necessidade de perpetuar um pouco das lembranças de propriedades alagadas pela construção da Usina Passo São João, em Roque Gonzales e que atingiu também os municípios de Dezesseis de Novembro, Rolador, São Luiz Gonzaga e São Pedro do Butiá.
A Casa foi entregue às comunidades em 9 de maio último e abriga uma série de fotografias das propriedades, antes do alague e até mesmo algumas casas já em desconstrução, utensílios e objetos utilizados no dia-a-dia pelas famílias em atividades domésticas e na sua produção econômica.
No primeiro pavimento da Casa está o acervo de fotografias feitas antes da saída das famílias das propriedades. Quem viveu de perto essa história, por certo não olhará os registros sem se emocionar ao reviver sua própria história, deixada sob as águas do rio Ijui. O primeiro pavimento da Casa foi reservado para abrigar, principalmente, registros da família Grings, doadora do prédio que abriga o acervo.
Na parte do subsolo estão equipamentos, utensílios e máquinas antigas utilizados nas tarefas domésticas, produção agrícola, atividades profissionais, tal como uma cadeira odontológica totalmente feita em madeira e perfeitamente conservada. Ali também se encontram equipamentos mais "modernos" como máquinas de escrever (datilográfica) e costura, rádios e televisores de tubo.
Construída no início da década de 1930, a casa serviu de abrigo a dezenas de descendentes de Germano e Mônica Grings e sua doação para a Eletrosul foi feita por Aloísio Guido Grings.
Quem visita o local é recebido pelo diretor de Turismo, Iraci Luft, que construiu um artefato, a partir de pedras e engrenagem de aço. Nele, Iraci desenhou praticamente toda a história de Roque Gonzales, com seus pontos atrativos.
Durante o tour, guiado com conhecimento e gentileza por Luft, é possível ouvir relatos que surpreendem, como a existência de "pedras de rio", perfeitamente polidas pela ação da própria água do rio Ijui. As pedras, expostas de forma estratégica na entrada da Casa, faz com que o visitante mais sensível, note um apelo da natureza para que se proteja o meio ambiente e se permita imaginar quão magnífica é a natureza, em sua criação e conservação de si mesma, transformando o meio para se reinventar, tal qual as pedras de rio.
VISITAÇÃO
A Casa da Memória está localizada no Bairro Grings, em Roque Gonzales, e é aberta à visitação de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, com intervalo das 11h30min às 13h30min.