Em nossa região, as volumosas chuvas ocorridas especialmente entre o final de junho e início de julho proporcionaram um período de recuperação dos níveis de disponibilidade de água no solo e no lençol freático. Em função da estiagem passada, houve grande redução dos níveis de açudes e rios, prejudicando atividades importantes da agricultura, como a piscicultura e a irrigação de pastagens e lavouras, agora recuperadas. Nesse momento, esta preocupação não está mais presente.
No mês de agosto, as temperaturas devem ser mais altas e as chuvas abaixo da média. Assim, será necessária atenção especial às pragas e principalmente às doenças do trigo, que costumam se sobressair em curtos períodos de maior temperatura e umidade. O agricultor deverá estar atento para realizar o manejo no momento correto, especialmente no que se refere aos pulgões e à ferrugem da folha. Será necessária atenção para o manejo da adubação nitrogenada de cobertura no trigo, uma vez que com menos chuvas, serão mais escassas as oportunidades de fazer aplicação de ureia com boa eficiência. Também já é motivo de atenção, embora ainda distante, a previsão de chuvas acima do padrão no mês de outubro, época de colheita do trigo.
Chuvas no período de maturação são a principal causa de perda de qualidade nessa cultura.
Outra cultura importante nesses meses na região das Missões é o milho que, em agosto, iniciou o seu período de semeadura, delimitado pelo zoneamento agrícola de risco climático. Esta fase é extremamente sensível para esta cultura. Assim, é preciso continuar acompanhando as previsões de médio e longo prazo, especialmente para temperaturas mínimas e ondas de frio. Caso ocorra geada após a emergência do milho, o risco de morte das plantas é muito elevado, especialmente em regiões de relevo de baixadas. Considerando que a aquisição da semente tem um custo muito elevado para o agricultor, devemos ter muita atenção para evitar a necessidade de uma ressemeadura.
Com os modelos indicando temperaturas acima da média e uma menor probabilidade de ondas de frio severas em agosto e setembro, pode ser aventada a possibilidade de semeadura do milho no início do período recomendado. Com os dias de temperaturas mais elevadas, há a tendência de que a temperatura do solo seja favorável. Ainda assim, há que se pesar os riscos e os benefícios de uma semeadura precoce, pois ressalta-se que não está descartada a possibilidade de ocorrência de geadas tardias. Apenas sua probabilidade é menor do que o normal. Portanto, a semeadura precoce deve ser pensada com cuidado. O produtor pode buscar a opinião técnica de um engenheiro agrônomo para, considerando o planejamento da rotação de culturas na mesma área, adequar o melhor período de semeadura, com vistas a minimizar os riscos.
O prognóstico indica temperaturas acima do padrão no próximo trimestre. Isso pode trazer efeitos nocivos à produção leiteira, que é uma atividade econômica muito importante na região. As raças Holandesa e Jersey, utilizadas em nossa bacia leiteira, são muito suscetíveis ao estresse calórico, que causa declínio na produção de leite. Com temperaturas mais altas, os animais sofrem mais e tendem a ter menor produção.
Considera-se importante adotar estratégias de manejo para melhorar o conforto térmico, como a facilitação de acesso dos animais à sombra e água e a escolha dos melhores horários para o arraçoamento.