Em outubro, a Emater/RS-Ascar, junto da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), começou a realizar o diagnóstico e mapeamento do povo Guarani do Rio Grande do Sul. Esse processo tem como objetivo diagnosticar aspectos ambientais, econômicos, sociais e culturais dos povos, além de dar visibilidade para a comunidade.
De acordo com a antropóloga, extensionista e coordenadora de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) para povos indígenas da Emater, Mariana de Andrade Soares, com esse mapeamento será possível diagnosticar 61 aldeias Guarani no RS, em 36 municípios. A antropóloga também explica que o mapeamento também é um instrumento de luta para o povo Guarani, que lhes trará visibilidade para o desenvolvimento de politicas públicas que atendam suas necessidades.
Mariana comenta a importância dos extensionistas se qualificarem e capacitarem nos temas que dizem respeito ao povo Guarani. "Quando falamos em políticas públicas, estamos falando, primeiro, da própria política de Aters, na qual nós, de forma permanente, buscamos qualificar os nossos extensionistas, discutir, debater sobre os temas mais pertinentes, a vida, o modo de ser dos indígenas, mas apesar das expectativas, não temos a responsabilidade no atendimento direto das necessidades e das demandas que eles apresentam. Mas somos mediadores e com nossa capilaridade, essa capacidade e condição de escuta e diálogo com as comunidades, principalmente de respeito, nos colocamos ao lado das organizações Guarani, das lideranças, das famílias, no sentido de dar visibilidade e fazer conhecer", analisa a extensionista, ao destacar, entre os objetivos do diagnóstico, "conhecer para valorizar e diminuir o preconceito e melhorar ou fortalecer o respeito entre as culturas e os povos".
Mariana destaca que o mapeamento ainda está feito em várias comunidades, e que o processo tomará uma proporção maior para atingir a esfera pública. "Em breve poderemos encerrá-lo e ter a primeira divulgação dos dados para que, justamente agora, no ano de 2025, que começam também novas gestões municipais, os indígenas possam apresentar suas demandas, se fazendo visíveis para esses novos gestores que chegam".
"Temos que dar o lugar e a voz para os indígenas. É o que o diagnóstico permite, servir de apoio a essa luta política de resistência e resiliência, que já dura 524 anos", finaliza Mariana.