


Um trote muito diferente dos tradicionais tornou especial a entrada na universidade de dois estudantes com deficiência visual. Os calouros da URI Cerro Largo foram recepcionados no dia 27 de fevereiro na volta às aulas do campus com atividades divertidas, mas também inclusivas.
GERANDO EMPATIA
Pensando nos novos colegas, os veteranos que organizaram o trote decidiram vendar todos os estudantes para que sentissem como é a privação de um dos sentidos mais importantes para a percepção humana. Em uma das atividades, todos precisaram descobrir pelo cheiro ou tato alimentos e objetos oferecidos. Mesmo vendados, a luz do ambiente onde estavam foi apagada para que a sensação de perda da visão fosse total.
Depois, todos percorreram os corredores do campus sendo conduzidos pelos colegas, que fizeram o papel de cuidadores. Ao chegarem na sala onde terão aulas ao longo do ano, os papéis foram trocados e as duplas retornaram até a entrada principal do prédio da universidade. "A primeira impressão é a de insegurança, mas contribuiu para entender melhor o outro e para incluir todos", expressou Mathias Damke, de 18 anos. Ele sentiu-se confortável com as atividades, que, segundo ele, geraram empatia.
Para a caloura Maísa Hister, vendar os olhos deixou-a perdida. "Foi confuso", resumiu. Toda essa experiência passada pelos calouros não passou despercebida por um dos calouros que inspirou as dinâmicas. O estudante Ryan Gabriel Renner Trevisan, de 18 anos, que possui deficiência visual, disse ter percebido o medo de alguns colegas ao serem vendados. "Qualquer um que fecha os olhos pode se assustar ao fazer coisas de um modo que não está acostumado". Ryan gostou do trote e disse ter se sentido incluído em todos os momentos.
A noite encerrou com sorteio de brindes e o sentimento de uma acolhida inesquecível para todos, estudantes e professores.