Além dos cuidados com o arreamento, alimentação e estética do animal, é preciso atentar para o manejo sanitário que faz parte do Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos
Companheiros inseparáveis, o gaúcho e o cavalo estão juntos na lida de campo e nos deslocamentos pelas fazendas. Aliás, no Rio Grande do Sul, o cavalo crioulo é animal-símbolo e, na Semana Farroupilha, torna-se ainda mais comum a presença dos animais pelas ruas e em eventos tradicionais nos festejos. Portanto, os equinos precisam receber atenção especial.
De acordo com o instrutor do Senar-RS, Guilherme Silveira Rodrigues de Freitas, que ministra o curso Manejo de Equinos, em desfiles com os equinos, além dos cuidados com o arreamento, alimentação e estética do animal, é preciso atentar para o manejo sanitário que faz parte do Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos do Ministério da Agricultura.
"Para transitar e participar de eventos equestres, os animais precisam testar e apresentar na Inspetoria o laudo negativo para Anemia Infecciosa Equina (AIE), bem como apresentar a carteira de vacinação atualizada contra a Influenza Equina/gripe equina. Para a gripe equina, a vacina deve ser aplicada por um médico veterinário de 15 a 30 dias antes do evento, com validade de um ano", explica Guilherme, que é médico veterinário.
Portanto, para os eventos, é exigido o exame de diagnóstico negativo para AIE e a vacinação para Influenza Equina, quando será emitida uma Guia de Trânsito Animal por equino. Para cada animal também é fornecida pulseira de identificação e de liberação sanitária.
O profissional destaca que a Anemia Infecciosa Equina não é uma zoonose. Ela é uma doença viral, transmissível e incurável, que ataca os equídeos de qualquer raça, sexo e idade, e é conhecida como a Aids dos equinos. "O animal, uma vez infectado, torna-se fonte de infecção permanente para outros equídeos. É transmitida por contato sanguíneo por picada de insetos hematófagos (mosquitos, mutucas e moscas), agulhas, seringas, material cirúrgico, feridas causadas por esporas, arreios e freios, secreções de sêmen, saliva, urina, colostro, leite, via transplacentária e venérea".
Segundo Guilherme, na maioria das situações, a AIE é uma doença silenciosa (assintomática), sendo descoberta apenas quando ocorre algum evento e há necessidade da realização de exame laboratorial. Se o resultado for positivo, o animal precisa ser eutanasiado por órgão oficial (no caso a Inspetoria Sanitária Estadual) e a propriedade onde este animal se encontra será notificada e serão tomadas as mediadas regulamentares cabíveis.
O curso Manejo de Equinos do Senar-RS, que Guilherme está habilitado a ministrar, aborda assuntos como comportamento, tipos de sistemas de criação, manejo de potros e potrancas, principais raças e pelagens, equipamentos e instalações de uso diário, noções de ferrageamento e casqueamento, cuidados no manuseio e aplicação de medicamentos e vacinas, manejo alimentar, anatomia e fisiologia, manejo sanitário - doenças, alterações e acidentes que ocorrem com os cavalos.
Guilherme é médico veterinário formado em 2003 na PUCRS de Uruguaiana e possui pós-graduação em Produção, Tecnologia e Higiene de Alimentos de Origem Animal pela UFRGS e em Gestão da Qualidade, Higiene e Tecnologia de Carnes e Derivados pela Universidade Cândido Mendes/RJ.
Durante oito anos, o profissional foi Oficial Tenente Veterinário pelo 8º Regimento de Cavalaria Mecanizado em Uruguaiana e trabalhou diretamente com 230 cavalos (com clínica cirúrgica e sanidade), e realizou auditorias internas nas cozinhas dos quatro quartéis de Uruguaiana. Também atuou como fiscal sanitário no Serviço de Inspeção Municipal de Uruguaiana por quatro anos.
Residente em Uruguaiana, Guilherme é instrutor do Senar-RS desde o início deste ano e também ministra o curso Boas Práticas na Fabricação de Alimentos (BPF), que é uma exigência da Vigilância Sanitária. Nele, são abordados temas sobre boas práticas de manipulação e higiene, dentre outros aspectos importantes, como microbiologia dos alimentos, higiene, hábitos higiênicos, saúde e proteção dos colaboradores e controle da água.
Também integra o conteúdo programático do curso noções sobre manutenção das áreas físicas externas e internas de indústrias, agroindústrias, açougues, fiambrerias, laticínios e serviços de alimentação, bem como controle integrado de pragas e vetores, qualidade e higiene dos equipamentos, utensílios, instalações e móveis, recepção, processamento, embalagem, armazenagem da matéria-prima e insumos, destinação dos resíduos e efluentes e transporte dos produtos alimentícios.
Interessados em participar dos cursos devem procurar o Sindicato Rural de seu município ou região.