Entre os dias 26 e 28 de maio, a Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre, recebeu a 2ª edição do Concurso de Queijos Artesanais e Doces de Leite do RS. Na busca por dar o merecido destaque à qualidade dos produtos artesanais produzidos no Estado, o Sebrae RS, em parceria com a Associação Gaúcha de Laticínios (AGL) e a Emater/RS-Ascar, realizaram a ação.
Na oportunidade, mais de 50 agroindústrias gaúchas apresentaram 121 queijos de três categorias: serão 16 Serranos (produzidos na região de Campos de Cima da Serra); 48 Autorais (elaborados de acordo com a criatividade do produtor); 58 Coloniais (produzidos em todo o território gaúcho).
Além disso, 19 produtores concorrerem com 22 doces de leite divididos nas variedades Tradicional e Com Adição de Sabor.
Para a premiação, o evento contou com mesa composta por oito jurados, que atribuiram pontos aos produtos apresentados. O valor acumulado define se o queijo recebeu medalha de Ouro, Prata ou Bronze. Além da premiação nas categorias citadas, há ainda a medalha Super Ouro – eleita entre os medalhistas ouro na pontuação geral e conquistada pela Queijaria Fazendas Três Montes, de Triunfo.
Na categoria Queijo Autoral, o Porão de Queijo Suiço, de Linha Dona Otília, recebeu Medalha de Ouro pelo queijo Suiço Galla.
Na mesma categoria, a queijaria de Roque Gonzales recebeu Medalha de Bronze pelo Queijo Dona Otília.
A história do Porão de Queijo Suiço inicia em 1981, quando Milton Neubüser, o mestre queijeiro, foi para a Suíça trabalhar por meio de intercâmbio. Em Kreuzlingen, uma comuna no norte da Suíça, ele encontrou algo que o encantou: uma queijaria. "Foi aí que me encontrei. Estava realizado e com a certeza de que era aquilo que eu queria fazer para sempre", recorda Milton.
Após 10 anos de trabalho nessa queijaria suiça, a saudade de casa o fez retornar em 1992 e investir as economias na sua terra natal: Roque Gonzales. "Eu era muito jovem e via meus pais uma vez por ano. A saudade de casa e da família começava a pesar. O fato de ver que a vida é curta me fez retornar", comenta.
Milton é o único responsável pela fabricação, mas está ensinando à filha Betina sua profissão. Embora o porão não porte as mais altas tecnologias (o processo é todo artesanal), há o controle de um grande diferencial de um excelente produto: a origem do leite. "No início eu comprava o leite, mas não deu certo, pois isso refletia na qualidade do produto. A qualidade está ligada ao trato do animal. Resolvi produzir o leite para garanti-la. Temos aproximadamente 30 animais e todo leite que industrializamos aqui é próprio. Não existe queijo bom sem leite bom, por isso investimos na produção leiteira própria. Alimentos errados podem influenciar o leite e, consequentemente, o queijo", frisa Neubüser.
Os fermentos usados na fabricação dos queijos são importados da Suíça. "A Suíça foi uma escola, pois lá aprendi tudo que sei. Os ingredientes que definem cada tipo de queijo que fizemos vêm de lá. As técnicas para a fabricação do queijo são as mesmas utilizadas naquela fábrica que trabalhei na década de 80. O que realmente distingue o processo é a tecnologia. Lá existiam equipamentos modernos e automáticos, aqui é tudo manual", finaliza o mestre queijeiro.
As medalhas de Ouro e Bronze conquistadas no 2º Concurso de Queijos Artesanais e Doces de Leite do RS, não foram as primeiras premiações obtidas pelo Porão de Queijo Suiço.
Em dezembro de 2022, o Queijo Dona Otília foi selacionado pelo Sebrae como um dos 50 alimentos que mais de destacaram pela qualidade no Rio Grande do Sul e integrou a publicação 50 Alimentos Diferenciados do Sul, lançada em formato físico e digital do Sebrae RS. O trabalho reuniu 50 produtos – entre alimentos e bebidas – de 34 municípios gaúchos que, além dos sabores únicos, trazem consigo boa parte da cultura, da diversidade e do DNA empreendedor sul-rio-grandense.