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O surgimento da pílula anticoncepcional, na década de 1960, permitiu uma revolução nos hábitos sexuais em vários países, permitindo às mulheres mais autonomia. No entanto, ainda há muitos mitos acerca da contracepção, e mesmo com o surgimento de novos métodos e as mudanças comportamentais e culturais que possibilitaram o acesso à educação sexual, ainda há desinformação sobre o tema. Veja os principais:
A amamentação ajuda a prevenir a gravidez, mas apenas se houver duas condições simultâneas: que a mulher ainda não tenha menstruado após o parto e que o bebê se alimente exclusivamente com leite materno, sem complementação com fórmulas. Além disso, isso vale para os primeiros seis meses após o parto, depois desse período, mesmo que sejam observadas as duas condições acima, há mais risco de gravidez.
Mesmo assim, é comum que ginecologistas indiquem um método contraceptivo para o período da amamentação, para que não ocorra uma gestação indesejada. Converse com seu médico.
A gravidez ocorre quando o espermatozoide do homem fecunda o óvulo da mulher. Assim, o fato de a mulher ter ou não um orgasmo não interfere na fecundação.
Depois da ejaculação, os espermatozoides atingem o colo uterino, região que não pode ser atingida por duchas ou lavagens vaginais. Além disso, não é recomendado realizar duchas vaginais, pois elas podem alterar a microbiota da vagina, facilitando infecções.
Determinar o período da ovulação com precisão não é simples. Atitudes como medir a temperatura basal e verificar o muco cervical precisam de observação e monitoramento constantes. Além disso, é preciso conhecer bem o funcionamento do próprio corpo e ter um ciclo menstrual regular, o que não ocorre com todas as mulheres.
A ovulação depende do equilíbrio de quatro hormônios principais: FSH, LH, estrogênio e progesterona. Fatores como idade, uso de medicamentos, estresse, entre outros podem alterar o equilíbrio desses hormônios, interferindo na ovulação.
Assim, a "tabelinha", que consiste em evitar relações sexuais fora do período fértil, não é um método contraceptivo confiável e portanto não deve ser o único adotado.
As posições adotadas durante a relação sexual não interferem na probabilidade de ocorrer uma gravidez. Após a ejaculação, os espermatozoides se movem com rapidez em direção ao colo uterino, independentemente da posição dos parceiros.
"Quando não houver camisinha disponível, é possível substituí-la por outros plásticos, como plástico filme"
Os preservativos masculino e feminino são feitos especificamente para oferecer proteção contra gravidez e IST (infecções sexualmente transmissíveis). Eles passam por testes rigorosos para comprovar sua eficácia e segurança. Substituí-los por outros materiais não é recomendado.
Esse é um mito bastante comum. O chamado coito interrompido, em que o homem evita ejacular no interior da vagina, não é eficaz para prevenir uma gravidez, porque o líquido pré-ejaculatório contém espermatozoides capazes de fecundar o óvulo. Estima-se que de cada cem casais que utilizam esse método, 22 engravidam de forma indesejada, taxa considerada elevada.
É possível engravidar sempre que a mulher estiver ovulando, mesmo que seja sua primeira relação sexual com penetração.
"Se a mulher urinar após a relação sexual, ela não engravida"
Embora urinar após o sexo seja uma boa recomendação para reduzir o risco de infecção urinária, isso não serve para evitar a gravidez, visto que os espermatozoides alcançam o colo uterino em poucos segundos.
Não há comprovação científica de que exista um chá ou produto natural que impeça a gravidez.
A melhor maneira de evitar uma gravidez indesejada é usar um método contraceptivo. Existem vários disponíveis pelo SUS.
Não esqueça que a contracepção e os cuidados para evitar IST são de responsabilidade de todas as pessoas que fazem sexo, independentemente do gênero, da prática sexual e do tipo de relacionamento que você estabelecer com seus parceiros ou parceiras.
Lembre-se: não existe pergunta boba! Na dúvida, converse com um profissional de saúde para escolher o melhor método para você.