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Publicado em 19/01/2024 10:28:17 • Meteorologia

Diferenças em índices de chuvas têm explicação

Estudos mostram que pluviômetros manuais podem superestimar valores em até 23%
Estação meteorológica da UFFS (E); pluviomêtro cunha (C) e pluviomêtro cone (D)

Sempre que a região passa por um período de chuvas intensas, ou um episódio isolado de chuva volumosa, costumamos buscar informações sobre a quantidade de chuva que ocorreu, principalmente junto à estação meteorológica da UFFS. E muitas vezes os dados divergem dos apontados por pluviômetros que as pessoas, principalmente os agricultores, utilizam para medir o volume das precipitações. Fato semelhante ocorre com a medição da temperatura onde, no verão, os termômetros de rua (expostos diretamente ao sol) geralmente apontam valores maiores que os aferidos nas estações técnicas.

Foi o que aconteceu com as chuvas dessa semana, por exemplo. Enquanto a estação meteorológica do campus da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) apurou um total de 195mm, vários pluviômetros, inclusive localizados bem próximos à universidade, demonstraram um volume superior.

Para sanar essas dúvidas, com o auxílio do professor do curso de Agronomia, Dr. Sidinei Zwick Radons, fomos atrás de informações técnicas.

 

Pesquisa da Embrapa

Em abril de 2022, a Embrapa publicou o Comunicado Técnico 268, assinado pelos pesquisadores Éder Comunello, Carlos Ricardo Fietz e Danilton Luiz Flumignam, em que foi feita a Estimativa das chuvas por pluviômetros manuais de baixo custo.

No documento é destacado que "nas condições de agricultura tropical, pode-se eleger a água como o fator mais impactante, quando se busca aproveitar ao máximo o potencial produtivo das culturas. Embora o uso de irrigação tenha crescido nos últimos anos, atualmente as chuvas ainda são a principal fonte desse insumo para os cultivos, de modo que o monitoramento de sua quantidade e duração é fundamental para o planejamento de diversas operações agrícolas, tais como: época de plantio, irrigação, prevenção da erosão, controle fitossanitário, entre outros".

Também é frisado que "a distribuição e o volume das chuvas tendem a variar bastante de local para local, de modo que é possível encontrar diferenças significativas dentro de uma mesma propriedade".

"Apesar de haver razoável oferta pública de dados meteorológicos fornecidos pelas estações meteorológicas de diversas instituições, dada a grande variabilidade das chuvas, é recomendável tomar essas medidas localmente, ou seja, o mais próximo possível da área de interesse". E entre os modelos de pluviômetros mais utilizados, se destacam os de pequeno tamanho e confeccionados em plástico.

 

Comparação metodológica

O trabalho dos pesquisadores, apresenta no Comunicado Técnico os resultados obtidos em ensaio que comparou medições de dois modelos de pluviômetros plásticos (formatos cônico e cunha) com as medidas obtidas por um modelo de referência (Texas Instruments TR525M), utilizado na Estação Meteorológica da Embrapa Agropecuária Oeste em Dourados (MS). Esse equipamento foi tomado como referência por ser periodicamente aferido e calibrado, quando necessário.

Após a comparação, baseada em metodologia científica, nos dois modelos houve superestimativa da chuva medida, equivalendo a 23,4% no modelo Cunha (o mais popular em nossa região) e 17,3% no modelo Cone. Ou seja, os modelos manuais mais comuns costumam indicar mais chuva do que realmente ocorreu, devido às suas limitações.

Na conclusão dos trabalhos, é ressaltado que "pluviômetros manuais avaliados podem ser úteis para a leitura e o registro das chuvas, contudo deve-se considerar que eles superestimam os valores e, sempre que possível, seria necessário calibrá-los e corrigi-los".

 

Má instalação

O prof. dr. Sidinei Radons acrescenta que  a forma de instalação também pode afetar os resultados. "Muitos pluviômetros do tipo cunha, ainda são mal instalados: inclinados, ao lado de árvores e construções, ou muito perto de superfícies planas ou do solo, o que pode promover respingos para dentro, aumentando ainda mais o erro na medida".

 

Estação da UFFS

A UFFS-Cerro Largo possui, há alguns anos, uma estação meteorológica própria, muito utilizada pelo curso de Agronomia e que, inclusive sustenta com dados o projeto de extensão Difusão da previsão meteorológica e climática à comunidade regional, que divulga periodicamente prognósticos climáticos e também o Boletim Climático do Trimestre.

E desde 25 de janeiro de 2023, portanto há um ano, conta com um nova estação meteorológica, mais moderna, cuja operação faz parte de um acordo de cooperação celebrado com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (SEAPDR).

 

Medição na região

Além disso, foram instaladas pela universidade, em nove municípios da região das Missões, estações meteorológicas automáticas para avaliar variáveis como temperatura, umidade do ar, pressão atmosférica, precipitação, vento, além da sensação térmica.

A instalação dessas estações faz parte do projeto de pesquisa Conforto térmico humano na região das Missões do Rio Grande do Sul e a relação com doenças respiratórias.

Fonte: Luis Henrique Franqui / Embrapa
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