


Pesquisadores da IDF (Federação Internacional de Diabetes) reconheceram na terça-feira (08/04) o diabetes tipo 5, forma da doença associada à desnutrição e que afeta principalmente adolescentes e jovens.
Diabetes associado à desnutrição. A doença se concentra em países de média e baixa renda, principalmente na Ásia e na África. Estima-se que entre 20 e 25 milhões de pessoas no mundo tenham a condição, mas há subdiagnóstico.
Doença era confundida com as outras formas de diabetes. O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, quando as células do sistema de defesa do organismo atacam o próprio corpo. Já o tipo 2 é associado ao estilo de vida sedentário, obesidade e má alimentação. Segundo as pesquisas, as pessoas com diabetes tipo 5 são jovens e magros, confundindo o diagnóstico com o tipo 1. No entanto, o tratamento com injeções de insulina é ineficaz, baixando em excesso os níveis de glicose no sangue. "Esses pacientes também não pareciam ter diabetes tipo 2, que normalmente está associado à obesidade. É muito confuso", afirmou em comunicado Meredith Hawkins, principal especialista no tema e diretora do Instituto Global de Diabetes da Faculdade de Medicina Albert Einstein nos EUA.
Um estudo em 2022 mostrou que o tipo é diferente dos demais. Pesquisas avançaram somente a partir de 2010, com a criação de um centro de estudos da doença. Os pesquisadores, liderados por Hawkins, identificaram um "profundo defeito" para secretar a insulina nesses pacientes. Até então, os médicos acreditavam que o diabetes associado à desnutrição se explicava por uma resistência à substância. A descoberta abriu caminhos para buscar tratamentos, pois mudou a forma de pensar a condição.
Mecanismos que levam à alteração ainda são desconhecidos, mas podem datar do útero. "Evidências apontam que uma desnutrição proteico-calórica em fases iniciais da vida pode impactar na formação e/ou proliferação de células pancreáticas, que produzem e liberam insulina no sangue", explica Bianca Pititto, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e integrante do Departamento de Epidemiologia, Economia e Saúde Pública da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes).
"Situações de desnutrição ainda na vida intrauterina também podem contribuir para esse quadro de alteração na formação e funcionalidade de órgãos e sistemas", comenta Bianca Pititto, professora da Unifesp.
Sequelas graves e alto risco de morte. Segundo Hawkins, o avanço nas pesquisas e o recente reconhecimento de nomenclatura são endossos na busca por tratamentos para a condição, que "debilita gravemente as pessoas e muitas vezes é fatal" —parte dos pacientes morre até um ano após o diagnóstico.
Descrito pela primeira vez há 70 anos. Após ser identificado, o diabetes tipo 5 foi alvo de estudos que comprovaram a alta incidência em países subdesenvolvidos. A OMS (Organização Mundial da Saúde) o reconheceu como uma forma distinta da doença em 1985. Em 1999, porém, a organização retirou o status por falta de pesquisas de acompanhamento.