O mês de março marca a transição do verão para o outono e os dias ainda têm mais características da estação quente do que a das folhas. É o primeiro mês do chamado outono meteorológico ou climático compreendido pelo trimestre de março a maio, mas pelo critério astronômico o outono somente tem início no dia 20 à 0h06.
Uma vez que as características climáticas do mês ainda são mais próximas do verão do que do outono, os dias de calor e as pancadas de chuva passageiras e localizadas são comuns, mas à medida que o mês se aproxima do fim cresce o número de dias com a temperatura mais agradável, e às vezes até com frio durante a madrugada e cedo da manhã.
No geral, no Brasil, o regime de chuva ainda é o característico de verão. No Norte, segue o inverno amazônico que traz mais chuva e os estados do Centro-Oeste e do Sudeste ainda estão na temporada chuvosa, embora com volumes médios históricos menores que os de janeiro e fevereiro que são os meses mais chuvosos na climatologia das duas regiões.
Março em 2024 começará ainda com o fenômeno El Niño presente no Oceano Pacífico Equatorial, mas encaminhando-se gradualmente para o seu término, o que vai ocorrer em meados do outono. Com isso, a tendência é de enfraquecimento adicional do El Niño ao longo do mês de março.
De acordo com o último boletim da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central (região Niño 3.4) está em -1,5ºC, portanto ainda com intensidade forte (1,5ºC a 1,9ºC).
Já o Pacífico Equatorial nos litorais do Peru e do Equador, a denominada região Niño 1+2, estava neste final de fevereiro com anomalia de +0,7ºC. Anomalia positiva nesta área do Pacifico favorece mais chuva no Sul, mas esta região chegou a ter anomalias de 3ºC em julho do ano passado e a tendência é de gradual resfriamento.
Os modelos climáticos, em geral, indicam um padrão de chuva abaixo da média na maior parte do Centro-Sul do Brasil no mês de março com maior probabilidade precipitações mais abundantes no Rio Grande do Sul.
Embora o indicativo de chuva acima da média na maior parte do Sul do Brasil pela maioria dos modelos de clima, a MetSul não segue essa tendência em seu prognóstico. A nossa crença é que vai chover mais do que a média em muitas áreas dos estados gaúcho e catarinense, mas este comportamento não deve ser generalizado.
A comum irregularidade de chuva do verão deve seguir e pontos dos dois estados devem acabar o mês com precipitação perto ou abaixo da média. Além disso, mesmo nas áreas que terminarem março com chuva acima da média isso não necessariamente se traduz em alta frequência de chuva, assim podem ocorrer janelas de tempo seco para o campo que permitam avançar na fase de colheita.
Com ar quente predominando e maior umidade, as áreas entre a Metade Norte do Rio Grande do Sul e parte do Paraná, o que inclui Santa Catarina, terão uma maior propensão para temporais no decorrer do mês. São temporais isolados, mas que localmente podem ser fortes e com danos.
Chamamos atenção que áreas mais a Leste da Região Sul e parte da costa do Sudeste podem ter desvios positivos localizados de precipitação com acumulados muito altos a excessivos neste mês em diferentes cidades destas áreas mais próximas do oceano e a Leste da Serra do Mar.
Isso estaria associado a eventos de infiltração de umidade do mar com vento Leste e que não raro resultam em episódios de chuva excessiva em áreas costeiras ou próximas junto à Serra do Mar pelo efeito de orografia (relevo), especialmente entre o Litoral Norte do Rio Grande do Sul e o litoral do Rio de Janeiro.
Este tipo de situação oferece maior risco, pelas características de topografia e densidade populacional, em especial no Leste de Santa Catarina e nos litorais de São Paulo e Rio de Janeiro quando há o avanço de uma massa de ar frio na costa com aporte de umidade a partir do oceano. O Rio de Janeiro, em especial, tem risco maior de episódios de chuva orográfica excessiva em março com ar frio avançando pela costa Sul do Brasil.
É importante enfatizar que modelos de clima são destinados a estabelecer tendências de um padrão regionais e não locais, logo mesmo que a simulação esteja indicando para uma região chuva abaixo da média é possível que cidades ou pontos nesta região possam terminar o mês com chuva acima da média porque o modelo de clima (longo prazo) não se presta a antecipar eventos de chuva volumosa localizados, estes previstos pelos modelos de tempo (curto prazo).
Já a temperatura deve outra vez ficar acima da média em muitas áreas do Centro-Sul do Brasil neste mês de março com os desvios positivos mais expressivos no Centro-Oeste e no Sudeste, para onde se projeta chuva abaixo da média para um maior número de áreas nas duas regiões.
Os indicativos são de um março quente na parte mais meridional do território brasileiro, mas não nos níveis da primeira metade de fevereiro no território gaúcho. O calor no Sul do Brasil no mês de março deve ser sentido com mais força no estado do Paraná, para onde são previstos os maiores desvios de temperatura.
No Rio Grande do Sul, o calor ainda se faz presente em março, como é normal. Algumas tardes serão de temperatura alta, especialmente no Oeste e no Noroeste gaúcho. Por outro lado, começará a aumentar a frequência de dias agradáveis para os gaúchos e algumas incursões de ar frio, mesmo de fraca intensidade, proporcionarão dias e noites com maior conforto térmico.