Brasil tem redução de 8,6% nos desertos de notícias em 2023, mas jornalismo local precisa de incentivo
A sexta edição do Atlas da Notícia, o censo realizado pelo Projor e Volt Data Lab para mapear a presença do jornalismo local no Brasil, exibe como resultado uma virada no jogo da ocupação dos desertos de notícias no país.
Pela primeira vez desde que a pesquisa começou a ser realizada, em 2017, é menor o número de municípios considerados desertos do que o de cidades que contam com ao menos um veículo de comunicação jornalística servindo a sua população.
O resultado do censo realizado em 2023 mostrou uma redução de 8,6% no total de desertos de notícias. São 256 municípios a menos na conta – ainda assim, restam 2.712 cidades e 26,7 milhões de brasileiros que nelas habitam sem acesso a notícias sobre o lugar onde vivem.
A redução dos desertos foi identificada num esforço coordenado com 303 colaboradores voluntários e estudantes de 80 organizações e universidades que se dedicaram nos últimos meses a encontrar veículos de comunicação em lugares onde não havia registro de atividade jornalística e a atualizar um banco de dados de 14.444 organizações e iniciativas jornalísticas.
A expansão do digital e a identificação de rádios comunitárias que produzem conteúdo noticioso impulsionou a redução dos desertos. Em comparação com o mapeamento anterior, de 2022, o Atlas da Notícia acrescentou mais 575 iniciativas nativas digitais e 239 rádios a sua base de dados.
Agora, há 5.245 veículos digitais e 4.836 rádios oferecendo notícias em seus canais. Juntos, os dois meios representam 70% do total de veículos mapeados pelo Atlas em 2023.
Leia a análise completa de Sérgio Lüdtke e Sérgio Spagnuolo.
NORTE: Redução de desertos mostra força da imprensa na região Norte
- Redução de 30% nos desertos de notícia na região Norte;
- Nenhuma cidade nortista se tornou deserto de notícias;
- Jornalismo local nortista realiza cobertura socioambiental e denuncia ataques a jornalistas em áreas de risco;
- Jornal impresso acreano, fundado na ditadura, retorna em versão digital;
- Tecnologia: agregador de notícias, Threads e doação via Pix aparecem no mapeamento.
Leia a análise completa de Jéssica Botelho.
NORDESTE: Desertos de notícias e as novas fronteiras do jornalismo no Nordeste
- Desertos de notícias encolheram 9% no Nordeste;
- Mais de 80% das iniciativas mapeadas são veículos online e rádios;
- 56,74% dos municípios nordestinos são vazios noticiosos;
- Mais de 70% dos municípios do PI e RN não têm cobertura jornalística local;
- PE teve maior redução de desertos de notícias da região.
Leia a análise completa de Mariama Correia.
CENTRO-OESTE: Diminui a quantidade de iniciativas jornalísticas na região Centro-Oeste
- Rádio é o segmento com maior estabilidade e foi o único que registrou aumento, nesta edição do censo, na região Centro-Oeste;
- Mesmo com o encerramento de iniciativas jornalísticas, o Centro-Oeste segue com a menor proporção de desertos de notícias do Brasil;
- Passaram a ser desertos noticiosos os municípios de Novo Horizonte do Sul (MS), Cotriguaçu (MT), Feliz Natal (MT) e Lambari d’Oeste (MT);
- Iniciativas jornalísticas começam a solicitar financiamento de leitores por doações via pix.
Leia a análise completa de Angela Werdemberg.
SUL: Desertos de notícia recuam na região Sul
- Queda no número de desertos de notícias no Sul foi de 8%;
- Isso representa 44 municípios desérticos a menos do que no levantamento anterior;
- Diminuição segue a tendência identificada em outras edições do Atlas, tanto pelo surgimento de novas iniciativas quanto pelo aprimoramento das metodologias de mapeamento.
Leia a análise completa de Marcelo Crispim da Fontoura.
SUDESTE: Online predomina pela primeira vez no Sudeste
- Pela primeira vez, os veículos online são maioria na região Sudeste.
- O número de desertos de notícia caiu na região, com destaque para Minas Gerais.
- A região perdeu participação no todo e, agora, abriga 32,7% dos veículos jornalísticos ativos no país.
Leia a análise completa de Dubes Sônego Jr.