


Com um filtro capaz de eliminar o agrotóxico glifosato da água, estudantes de diversos cursos da UFRGS foram os primeiros do Sul do Brasil a participar da International Genetically Engineered Machine Competition (iGEM), nos Estados Unidos, onde conquistaram a Medalha de Bronze com o projeto Glyfloat. O iGEM, neste ano, aconteceu de 31 de outubro a 4 de novembro, no Hynes Convention Center, em Boston.
CERRO LARGO PRESENTE
A cerro-larguense Mariana Hentz, 22 anos, acadêmica do curso de Biotecnologia, integra o time de estudantes gaúchos que foi aos Estados Unidos.
PIONEIROS
O time composto por alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi o primeiro do sul do país na iGEM. No Brasil, já participaram do certame equipes da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
VAQUINHA VIRTUAL
Para viabilizar a participação no iGEM, o grupo organizou uma "vaquinha virtua"”, onde arrecadou R$ 32.192,00, superando a meta inicial que era de R$ 20 mil (para pagar a inscrição no evento), mobilizando nada menos que 281 benfeitores.
O TIME
O time é formado por 17 estudantes da UFRGS, que estão em diferentes cursos da universidade federal, como biotecnologia, biologia, engenharia física, jornalismo e design de produtos.
O PROJETO
O protótipo construído pelos alunos se parece com uma espécie de "filtro boia" e tem como missão acabar com os resíduos aquáticos de glifosato (em rios, lagos e mares), agrotóxico mais usado tanto no Brasil quanto no mundo.
Mariana Hentz explica que dentro do filtro "são adicionadas bactérias da espécie Escherichia coli, programadas geneticamente para degradar o glifosato, além de outros compostos tóxicos semelhantes".
Luis Dias disse que eles usam bactérias de uma linhagem própria para estudos científicos. "Um dos professores apoiadores do nosso projeto vai disponibilizar as bactérias que ele tem em seu laboratório de pesquisa", conta Dias.
GLYFLOAT
O produto foi batizado de Glyfloat. "Queremos um agronegócio ainda mais sustentável", afirma Sarah Spinato.
Futuramente, o filtro boia poderá ser usado em córregos localizados próximos a lavouras ou em pontos estratégicos de rios, com maior concentração de resíduos tóxicos.
GLIFOSATO
O uso do glifosato é cercado de polêmicas, tendo sido restrito em diversos países e reavaliado por agências ambientais e ONGs. Pesquisas cientificas não encontraram evidências de que o glifosato seja cancerígeno, mas dados apontam para um alto volume de intoxicações, o que levou à elevação do risco do produto à saúde.
O debate também cresce em outros países. Em agosto do 2018, um júri da Califórnia condenou a Monsanto a indenizar em US$ 289 milhões (R$ 1,1 bilhão) um zelador que alega que pesticidas baseado em glifosato teriam lhe causado câncer. A empresa recorreu. Desde então, outros processos semelhantes tramitam nos Estados Unidos.