O Curso de Direito deve ir muito além de aulas teóricas e salas de aula. É preciso viver o Direito, senti-lo no mundo real. Por isso, segundo a professora e também coordenadora do Curso de Direito da URI Cerro Largo, Gabriela Felden Scheuermann, as viagens de estudos são fundamentais para que os acadêmicos possam ver e sentir, na prática, o Direito.
Foram dois dias de visitações. No dia 9 de novembro, pela manhã, os acadêmicos conheceram a Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), localizada em Charqueadas (RS). Foram recebidos e acompanhados pelo tenente Monteiro. Foi possível conhecer os pavilhões, andar pelo muro e ter uma visão geral de toda a Penitenciária, conhecer o Projeto-Piloto criado em parceria com a UFRGS, de produção de peixes e hortaliças, ver o sistema de reciclagem de lixo feito pelos próprios detentos e conhecer a área do regime semiaberto. Inclusive, os acadêmicos puderam entrar nas galerias e quartos do semiaberto, tornando a experiência ainda mais única. De acordo com a prof. Gabriela, "além da experiência, ainda fomos recebidos como um belo café da manhã e nos despedidos com um maravilho almoço, feito pelos próprios detentos".
Na tarde do dia 9, os acadêmicos conheceram a sede do Poder Executivo Estadual, o Palácio Piratini. Um lugar de encher os olhos com tanta beleza e exposição de artes, pois dentro do Palácio há inúmeros quadros artísticos que contam a história do nosso Estado. Além disso, tiveram o privilégio de conhecer o Porão do Piratini, espaço importante porque ali aconteceu o momento histórico da Campanha da Legalidade (1961), liderado por Leonel Brizola para garantir o direito constitucional da posse do vice-presidente João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros. Na hora final da visitação, alguns acadêmicos puderam ver o governador Eduardo Leite abanar da Casa Residencial.
Na tarde do dia 10, aconteceu a última visitação técnica e, de acordo com a prof. Gabriela, talvez, a mais emocionante de todas. Os acadêmicos tiveram a oportunidade de conhecer a APAC (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados), que tem como finalidade recuperar os presos por meio do Método APAC, um método de valorização humana vinculada à espiritualidade. Na APAC não há seguranças armados e não há escolta realizada pela Brigada Militar ou Polícia Civil. De acordo com um dos apenados, "a nossa arma é a confiança". Foi possível conhecer todo o local (quartos, banheiros, área de lazer) e ouvir histórias de esperança: de apenados que estão estudando para fazer o ENEM e de outros já fizeram e hoje estão (de forma virtual, pois o regime deles é fechado) cursando uma Graduação. Para encerrar a visitação, os acadêmicos foram presenteados com o Coral da APAC. Para a prof. Gabriela, "foi um momento único e emocionante, de fé na humanidade, de acreditar na ressocialização e na construção de um mundo melhor. Nos abraçamos, choramos e renovamos nossa esperança".
Este ano foi a segunda edição da viagem de estudos. A primeira aconteceu em 2019, antes da pandemia. E a expectativa é que se repitam todos os anos.