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Mobilização aconteceu em diversas cidades gaúchas. Produtores também pedem a prorrogação do prazo para pagamento de dívidas e a criação de um fundo de emergências climáticas
A FETAG-RS e os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais realizaram na segunda-feria, 17 de fevereiro, uma grande mobilização em defesa da agricultura e da pecuária familiar. Com mais de 10 mil agricultores mobilizados em 16 pontos do interior do estado e um ato central na sede da federação, em Porto Alegre, o evento foi considerado extremamente positivo para evidenciar as demandas do setor.
Várias cidades do norte e noroeste gaúcho participaram de mobilizações, entre elas Frederico Westphalen, São Miguel da Missões, São Luiz Gonzaga, Tuparendi, São Martinho e Não-Me-Toque.
Na Capital do Estado, a mobilização contou com a presença do governador Eduardo Leite, que se comprometeu publicamente com a pauta apresentada pela FETAG-RS.
Um dos destaques do evento foi a união de diversas entidades em torno da pauta da agricultura familiar. Representantes da Ocergs, Fecoagro, Unicafes, Acergs, Aprosoja, Emater e da Farsul participaram dos debates e manifestaram apoio aos pleitos. A presença do secretário da Agricultura Familiar (SAF) do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Vanderlei Ziger, foi muito significativa. Ele destacou a importância do diálogo e garantiu que as pautas serão priorizadas em discussões com o governo federal. Esta semana, a FETAG-RS estará representada em Brasília pelo presidente Carlos Joel e pelo tesoureiro geral, Agnaldo Barcelos, para avançar nas reivindicações do setor.
A mobilização reforçou a urgência de ações concretas para enfrentar os desafios que afetam os agricultores familiares, como o endividamento rural, a necessidade de fortalecimento do Proagro e os impactos das mudanças climáticas. Carlos Joel, presidente da FETAG-RS, destacou a importância do evento: "Saímos com um sentimento de união e esperança. A presença maciça dos agricultores e o apoio das entidades mostram que estamos no caminho certo. Mas a luta não para aqui. Seguiremos trabalhando incansavelmente para garantir políticas públicas que assegurem a sustentabilidade da agricultura familiar".
A Regional Sindical Missões II realizou uma mobilização em São Luiz Gonzaga para dar visibilidade às dificuldades enfrentadas pelos produtores rurais da região e cobrar medidas concretas do governo. O ato ocorreu na Rua Treze de Maio, no antigo Calçadão, entre a rua Bento Soeiro e a avenida Senador Pinheiro Machado.
De acordo O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Luiz Gonzaga e Rolador, Rafael Dalenogare Paz, o ato visou sensibilizar o governo para agir rapidamente diante do endividamento agrícola. Ele destacou que muitos financiamentos começam a vencer nesta semana, sem que os agricultores tenham recebido qualquer sinalização de apoio. Além disso, ressaltou as recentes mudanças no Proagro, que podem inviabilizar mais da metade dos agricultores familiares de contratarem o seguro agrícola via Pronaf a partir de julho.
O presidente da Regional Missões II, Márcio Langer, reforçou que a mobilização acontece em 16 outros locais do estado, além do ato na sede da Fetag. O objetivo é ampliar a visibilidade sobre os impactos que problemas meteorológicos vêm causando ao setor agropecuário.
"A rentabilidade no campo já se foi mais uma vez. Temos um passivo a vencer e problemas no Proagro. O ato de hoje é simbólico, mas um primeiro passo. Seguiremos nos próximos dias debatendo com os legislativos, executivos e o comércio da região para mostrar nossa realidade e fortalecer a mobilização", afirmou Langer.
O ato ocorreu em frente ao Banco do Brasil, que simboliza a atuação do governo federal no município, pois grande parte do crédito rural oficial passa pela instituição.
Cerca de 500 agricultores se reuniram em Não-Me-Toque, no norte do estado, em uma mobilização por auxílio em meio à estiagem e pela revogação de mudanças no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro).
A regional Alto Jacuí da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag) está entre as 14 regionais que participam da mobilização, que começou por volta de 9h30min. O endividamento e outros prejuízos causados pelo clima também estão na pauta dos manifestantes.
"Os produtores não têm como pagar o que já devem de outros anos. Pedimos um olhar maior do governo para os agricultores nesse momento", diz a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Passo Fundo, Marinês Scapini Penz.
De acordo com Marinês, as mudanças no Proagro dificultam o acesso ao subsídio em caso de perdas causadas por eventos climáticos, o que prejudicaria principalmente os pequenos produtores. Outras demandas são a prorrogação dos créditos rurais e criação de um fundo de catástrofe para emergências climáticas.