A MetSul Meteorologia alerta para uma prolongada sequência de dias com condições atmosféricas muito instáveis no Sul do Brasil, em particular no Rio Grande do Sul, com alta frequência de chuva e elevado risco de temporais isolados. Os temporais podem ser isoladamente fortes a severos e são antecipados volumes de chuva significativamente altos em diversas localidades.
O que vai acontecer? Uma massa de ar quente, úmida e extremamente instável atua há vários dias com chuva forte e temporais, alguns isoladamente severos, no Uruguai e em províncias do Centro da Argentina com danos e transtornos para a população, especialmente na província de Buenos Aires.
Bloqueio atmosférico associado a uma massa de ar muito quente que provoca uma forte onda de calor no Brasil e em países vizinhos é responsável por manter a instabilidade por muitos dias seguidos estacionada sobre o Centro da Argentina e parte do Uruguai. A instabilidade foi constantemente alimentada por ar muito quente, que elevou a temperatura a 44,5ºC no Norte argentino, proporcionando a energia para a formação sucessiva de tempestades.
Isso fez com que nuvens por demais carregadas e de grande desenvolvimento vertical com chuva localmente forte a extrema, muitos raios, granizo e vento se formassem de forma continuada numa faixa do Centro da Argentina e do Uruguai por vários dias consecutivos, situação que persiste nesta quinta-feira.
A partir desta sexta-feira (15), entretanto, a massa de ar quente, úmida e extremamente instável que atua no Prata vai se deslocar para o Rio Grande do Sul, o que irá trazer a ameaça de tempo severo e o risco de problemas em consequência de chuva e temporais para o Sul do Brasil, dando início a uma sequência de vários dias de alto risco por chuva e temporais localizados no estado gaúcho.
A MetSul Meteorologia adverte que entre os dias 15 e 20 ou 21 de março as condições serão muito favoráveis a episódios de temporais em pontos isolados no Sul do Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul, embora se preveja instabilidade também para Santa Catarina e o Paraná. As mais fortes áreas de instabilidade, na maioria dos dias, vão se formar da tarde para a noite.
Uma vez que a instabilidade vai se dar sob uma massa de ar muito quente e instável, sob um padrão de bloqueio atmosférico, nuvens muito carregadas devem se formar sobre o Rio Grande do Sul diariamente no final desta semana e na primeira metade da próxima, provocando episódios de chuva com muito altos volumes e ainda temporais localizados com rajadas de vento forte e queda de granizo de variado tamanho, exatamente como se viu na Argentina e no Uruguai nos últimos dias, embora não necessariamente com a mesma severidade de alguns dos fenômenos observados nos países vizinhos.
Não é possível prever velocidade de vento exatas nas formações isoladas e passageiras de tempo severo, mas neste tipo de situação meteorológica podem ocorrer temporais com rajadas de vento de 70 km/h a 90 km/h, não se afastando fenômenos mais severos muito isolados.
É fundamental destacar que os prováveis temporais serão isolados, embora em várias regiões, o que significa que nem todas as cidades terão tempestade. Da mesma forma, apesar da possibilidade de temporais em Porto Alegre, importante esclarecer que tempestade severa como a do dia 16 de janeiro de janeiro na capital gaúcha não é comum e não ocorre a toda hora, sendo que a esmagadora maioria dos temporais na capital gaúcha apresentam menor ou muito menor severidade.
Como instabilidade sob ar muito quente e úmido costuma provocar elevado número de descargas atmosféricas, alertamos para um número muito alto de raios no Rio Grande do Sul nos próximos dias. Além disso, com a atmosfera aquecida, é comum a ocorrência de grande número de raios nuvem-solo que impactam a rede de energia.
A sequência de dias de forte instabilidade, com precipitações localmente até intensas, fará com que os volumes de chuva no Rio Grande do Sul nos próximos cinco a sete dias sejam muito altos, atingindo marcas 100% a 200% da média histórica do mês de março inteiro em algumas localidades.
O mapa mostra a projeção de chuva acumulada nos próximos sete dias do modelo meteorológico alemão Icon. A chuva, assim, pode atingir marcas acima de 100 mm em muitos municípios gaúchos até a metade da próxima semana. Vários devem ter marcas de 150 mm ou mais no período. De forma mais localizada, alguns pontos podem anotar marcas tão altas quanto 200 mm a 300 mm nos próximos sete dias, de acordo com a nossa avaliação.
Um dos principais riscos nesta sequência de dias de forte instabilidade, maior que o de temporais de vento, será a ocorrência de chuva com volumes muitos altos, de 50 mm a 100 mm, em curto intervalo, com potencial de causar alagamentos, inundações repentinas e transbordamento de arroios ou córregos.
Embora o período de grande instabilidade que prevê dure dos dias 15 a 20 ou 21 de março no Sul do Brasil, não significa que haverá chuva e temporais o tempo inteiro. No período, vão ocorrer momentos de melhoria temporária com aberturas de sol em diversas cidades, tempo quente e forte abafamento. A sensação de abafamento, aliás, será por demais acentuada com a maior umidade.