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Publicado em 23/02/2025 11:57:48 • Educação

Programas buscam reverter déficit de professores

Programas estadual e federal oferecem incentivos para licenciaturas
Imagem meramente ilustrativa (Foto: Canva)

Iniciativas como Professor do Amanhã e o novo Pé-de-Meia Licenciaturas tentam atrair e manter estudantes na carreira docente

Há anos, o crescente desinteresse por cursos de licenciatura vem preocupando instituições de ensino. Desvalorização da carreira, baixos salários e muitas horas de trabalho são algumas das explicações para a desmotivação de estudantes em relação a áreas ligadas à docência.

Com isso, programas de financiamento dos governos surgiram na tentativa de reparar esse problema e diminuir o déficit de professores nas redes de ensino, principalmente as públicas.

Além do programa Professor do Amanhã, do governo do Rio Grande do Sul, que garante bolsas de estudos em cursos de formação de professores, o governo federal lançou recentemente o Pé-de-Meia Licenciaturas.

A iniciativa, que integra o programa Mais Professores, do Ministério da Educação (MEC), registrou 12,4 mil estudantes elegíveis para obter o auxílio financeiro R$ 1.050,00 por mês e está com inscrições abertas até 30 de março (veja mais informações no final do texto).

 

Sonho realizado

Enquanto o projeto nacional abrange instituições de ensino públicas, inclusive as federais, o programa do governo estadual do RS é voltado às universidades comunitárias gaúchas, que são instituições particulares sem fins lucrativos.

Ágatha Blanco, 23 anos, foi uma das primeiras alunas contempladas pela iniciativa, que teve sua primeira edição em 2024.

Foi pelo programa Professor do Amanhã que a jovem ingressou no curso de licenciatura em História na Universidade Feevale, no qual está no segundo semestre. Ela conta que sempre sonhou com a licenciatura e se sente realizada por ter tido essa oportunidade.

"Mesmo sendo com bolsa, não é fácil. É uma conquista. Fico muito feliz que não precisei desistir desse sonho nem adiar para outro momento" afirma a jovem, que mora em Novo Hamburgo.

Ágatha chegou a ingressar no curso de licenciatura em Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 2020, e depois fez a transferência para História, mas teve dificuldade de manter os estudos durante a pandemia de covid-19 e na enchente de 2024 por conta do deslocamento até Porto Alegre. Ela chegou a trancar o curso por um período.

A estudante conta que não teria condições de arcar com os custos de um curso em uma instituição particular. Assim que descobriu que havia a possibilidade de estudar de forma gratuita perto de casa, com direito a uma bolsa mensal de permanência, não pensou duas vezes e se inscreveu.

"Sempre fui aluna de escola pública, e ali, além de inspirações positivas, também sempre fui inquieta em querer mudar aquilo, as coisas de que eu não gostava. Senti que podia fazer parte e, assim como os professores que me fizeram bem, eu poderia ser uma agente nesse meio também", relata.

 

Portas abertas

Ágatha foi uma das cem alunas que ingressaram em licenciaturas na Feevale através do programa no ano passado. Segundo a coordenadora institucional do Professor do Amanhã na Feevale, Rosemari Lorenz Martins, essa ação abriu as portas da universidade a um público novo, que talvez não teria acesso ao Ensino Superior sem essa oportunidade:

"É uma iniciativa louvável que conseguiu dar conta de três aspectos: fortalecer as licenciaturas, dar a possibilidade de estudar a pessoas que provavelmente não teriam acesso à educação superior e formar professores qualificados para atender às demandas da educação básica".

Ela conta que antes o número de estudantes nos cursos de licenciatura vinha caindo consideravelmente ano a ano. Depois que a universidade aderiu à iniciativa, as licenciaturas passaram por uma "revitalização".

Em 2025, o Professor do Amanhã disponibilizará mais 500 bolsas para cursos de formação de docentes nas áreas de Letras (Português), Matemática, História e Geografia.

 

Queda no número de matrículas

O déficit de professores na educação básica é um dos problemas mais graves na educação brasileira, e no RS não é diferente. Uma das áreas mais afetadas no Estado é Física, incluindo educação a distância (EAD). Em 10 anos, o número de matrículas nos cursos de licenciatura desta área caiu 20%. Em 2013, eram cerca de mil alunos.

O curso chegou a ter um pico em 2020, com 1,3 mil estudantes matriculados, mas passou para 858 em 2022, conforme levantamento baseado em dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Quando se trata só dos cursos presenciais, os dados são ainda mais alarmantes. Nestes 10 anos, o ingresso em licenciaturas presenciais no RS caiu 57%.

 

Desvalorização da carreira

Conforme a professora da Faculdade de Educação da UFRGS (Faced) Mariângela Bairros, essas iniciativas que buscam fomentar a formação de professores têm sua importância para formar docentes qualificados e aumentar o ingresso nos cursos, mas não enfrentam o verdadeiro problema: a desvalorização da carreira de professor no Brasil.

"Daqui a quatro anos, quando esses novos professores começarem a atuar nas escolas, vão encontrar uma rede pública com diversos problemas, inclusive de estrutura. Mas o que mais impacta é a questão dos baixos salários. Essas políticas não vão resolver isso, que é o cerne dos problemas no Brasil hoje", destaca a pesquisadora.

De acordo com Mariângela, seria necessário haver uma articulação nacional pela valorização dos profissionais de educação, visando a melhores salários, formação continuada e melhorias na estrutura das escolas.

 

Impactos positivo

Para o reitor da Universidade de Santa Cruz do Sul e presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung), Rafael Frederico Henn, o programa Professor do Amanhã já vem demonstrando impactos positivos nas instituições gaúchas, com ampla adesão dos estudantes.

"O programa tem tido um êxito grande. Certamente as 500 novas vagas serão ocupadas em todo o território. Ao longo dos últimos anos, diversas das nossas instituições descontinuaram licenciaturas presenciais por conta da falta de alunos. O edital tem esse diferencial, de contemplar somente cursos presenciais", afirma.

 

Como participar dos programas

Professor do Amanhã - O período de inscrições está em andamento. Os prazos e outras informações podem ser consultados no site de cada instituição.

São 500 vagas distribuídas entre 14 universidades comunitárias do RS. As aulas começam no primeiro semestre de 2025.

O programa vai conceder bolsas mensais de permanência no valor de R$ 800 aos alunos, além de outros R$ 800 para a universidade para custeio da vaga.

Podem participar alunos com Ensino Médio completo em escola da rede pública ou em instituições privadas na condição de bolsista integral e que tenham participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e obtido o mínimo de 400 pontos na média.

Pé-de-Meia Licenciaturas - O período de inscrições está aberto até 30 de março. A iniciativa concede auxílio financeiro de R$ 1.050,00 por mês. Novos alunos matriculados em cursos de licenciatura presenciais em 2025 que tenham sido aprovados em processos seletivos do governo federal já podem cadastrar os dados para concorrer à bolsas do programa.

Candidatos que participaram do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) podem se inscrever. O currículo deve ser cadastrado na Plataforma Freire, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Fonte: GZH
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