A consultoria Datagro Grãos alterou sua projeção para a safra de soja de 147,310 milhões de toneladas para 146,336 milhões de toneladas. Em caso de confirmação, esse volume ficaria 8,7% abaixo da safra recorde de 2022/23, de 160,234 milhões de toneladas. Ainda assim, a segunda maior da história, só perdendo para o ano passado. Segundo a consultoria, o clima irregular levou à redução da expectativa de produtividade média.
"E com chances de novas revisões, ainda dependendo das chuvas nesses próximos dois meses", comenta Flávio Roberto de França Junior, economista e líder de conteúdo da Datagro Grãos.
Já a produção potencial de milho agora é de 114,917 milhões de toneladas, 15,8% inferior à safra recorde de 2022/23, quando foram colhidas 136,459 milhões de toneladas. Assim como a consultoria, a Conab revisou para baixo sua projeção de safra (de -6,3% para -7,6% em comparação a 2023) em seu boletim divulgado em fevereiro. Para o IBGE, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas estimada para 2024 deve totalizar 300,7 milhões de toneladas, 4,7% menor que a obtida em 2023 (315,4 milhões de toneladas).
Essas alterações nas projeções de safra podem impactar no preço dos alimentos no varejo? Fábio Romão, da LCA Consultores, que estuda o assunto de perto, disse que, no início do ano, esperava uma alta de 5% no IPA agropecuário, mas com o passar do tempo, revisou para 2%, e agora está em 3%, devido à revisão da safra e à possibilidade de impactos no fenômeno climático La Niña. Por outro lado, o IPA industrial está mais ameno do que se previa.
No caso da inflação da alimentação no domicílio para este ano, a projeção é de 3,8%, e ele não espera mais reduções nem aumentos.
"Vamos dizer que essas reduções de safra acabaram freando um movimento de redução das apostas para a inflação de alimentação. Hoje, no Focus, o IPCA se manteve em 3,75%, o que pode ser um sinal de que os analistas do mercado estão vendo que a revisão para baixo da alimentação tenha chegado a um limite".
