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Publicado em 21/10/2025 12:55:41 • Meio Ambiente

Erva-mate para combater o efeito estufa

Árvore símbolo do RS aponta caminhos para redução da emissão de gases
Equipamentos monitoram o clima em tempo real (Foto: Jackson Brilhante)

Estudos indicam que plantios em áreas sombreadas, combinando diversidade de culturas, melhoram o balanço de emissão de gases na atmosfera

Enquanto pesquisas Brasil afora investigam os efeitos das mudanças climáticas na rota geográfica das produções agrícolas, é da árvore símbolo do Rio Grande do Sul que partem pistas importantes sobre o papel das culturas nas mitigações. Estudos feitos com a erva-mate mostram que o manejo combinado à diversidade de outras plantas traz resultados eficientes na emissão de gases do efeito estufa, como um agente da descarbonização.

Luciano Kayser, doutor em solos e pesquisador da Secretaria da Agricultura do RS, relata alguns resultados da pesquisa, ainda em andamento. A partir de estudo iniciado em 2019, os pesquisadores esboçaram um levantamento sobre a produção da planta no estado, diferenciando os sistemas de cultivo feitos a pleno sol dos feitos em áreas de sombreamento, ou seja, junto a outras espécies florestais acompanhantes.

Os estudos são feitos em área de pesquisa em Ilópolis, no Alto Taquari, um dos polos da produção ervateira gaúcha. O município, inclusive, foi batizado em homenagem à planta, de nome científico Ilex paraguariensis.

Duas estações meteorológicas monitoram as condições climáticas em tempo real, indicando os caminhos de manejo.

As informações coletadas até aqui apontam indícios importantes referentes ao balanço de carbono no solo em cada sistema de manejo. Os dados serão apresentados na COP30, em Belém, como um case gaúcho.

O que é balanço de carbono? É a diferença entre emissões e absorções de gases de efeito estufa em determinada planta.

Em um sistema ideal de equilíbrio, as absorções ou sequestros de carbono deveriam ser maiores ou pelo menos iguais às emissões, mantendo um comportamento neutro de balanço.

 

O que diz a pesquisa

Nas áreas em que a erva-mate é cultivada a pleno sol, viu-se que há menos estocagem de carbono do que nas áreas sombreadas, alcançando patamar semelhante ao de uma lavoura tradicional. Já nas áreas de sombreamento, o comportamento é mais parecido com o de uma floresta nativa, recuperando os estoques de carbono emitidos para a atmosfera.

"O sistema sombreado é o que permite maior recuperação do solo, por acumular carbono e se aproximar de uma condição normal de produção e de renda na erva-mate. É um manejo interessante para o produtor e para o ambiente", diz Kayser.

O pesquisador ressalta a importância dos estudos relacionados à erva-mate: "É uma árvore símbolo do Rio Grande do Sul, que faz parte da nossa cultura e que, para fins de pesquisa, é muito interessante pelas informações que fornece. A erva-mate é uma cultura muito importante economicamente para o Estado, e o setor produtivo valoriza essa pesquisa que a gente gera", destaca.

A produção de erva-mate está associada à altitude. Por isso, não é uma planta do bioma Pampa, e sim da Mata Atlântica. No Rio Grande do Sul, o cultivo está concentrado no Alto Taquari, nas cidades de Ilópolis, Arvorezinha e Anta Gorda, mas também em áreas ao norte, em Palmeira das Missões, Áurea, Viadutos e Barão de Cotegipe. A área total cultivada no Rio Grande do Sul é de 34 mil hectares.

 

Receita de quem aplica

Coordenador do Plano ABC+ RS e pesquisador da Secretaria da Agricultura, Jackson Brilhante diz que o cultivo da planta associado à floresta é sinérgico tanto do ponto de vista ambiental quanto do econômico.

"Muitos produtores de erva-mate estão manejando em sistemas sombreados, que é o sistema que mais confere capacidade de adaptação frente às mudanças do clima. Ainda se questiona quanto à produtividade, mas o ganho ambiental e em qualidade da planta são superiores, com erva-mate até mais saborosa. Ou seja, há também agregação de valor ao produto, além do ganho ambiental", diz Brilhante.

Na propriedade de Moisés Openkoski, no município de Áurea, norte do RS, a erva-mate é cultivada nos dois tipos de sistemas, a pleno sol e sombreado, dependendo do terreno. No erval de sombreamento, é visível como a planta se desenvolve melhor, diz o produtor. Cultivado junto do pai e do irmão, o erval de 27 hectares tem 45 anos.

"No meio do mato, a planta vem mais bonita porque tem a adubação natural. No sistema pleno sol, colocamos cobertura de solo para proteger. Fazemos isso há vários anos e vemos a diferença. A erva se mantém mais verde, de melhor qualidade. E, quando tem seca, a planta segura melhor a umidade no solo, sofrendo menos com a falta de chuva", relata Openkoski.

A propriedade é uma das Unidades de Referência Tecnológica (URTs) adotadas pelo governo estadual para mensurar a capacidade dos ervais de reduzir emissões.

Mesmo nas áreas mantidas a pleno sol, a família está implementando o plantio de outras espécies de árvores nativas para um sistema de agrofloresta. O objetivo é ampliar o sombreamento com pés de pinheiro, cedro e coqueiro.

Fonte: Zero Hora
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