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Publicado em 20/01/2024 09:03:29 • Opinião

Por que um interruptor emocional não poderia existir

Tudo precisa de uma homeostase, um ponto de equilíbrio
Imagem meramente ilustrativa (Foto: Freepik)

Todo mundo queria ter um interruptor emocional. Um botão que desligasse uma emoção desagradável. O problema é que se esse interruptor existisse ele não desligaria só emoções negativas, mas também as positivas.

Quando a gente faz anestesia geral no hospital, nosso corpo não deixa de sentir apenas a dor, mas também o prazer. Na verdade, a gente simplesmente não sente nada, o corpo fica entorpecido. Com as emoções isso não é diferente, o prazer precisa da dor, a tranquilidade precisa da ansiedade e até o calor precisa do frio, afinal é por isso que sentimos calafrios quando estamos com febre. Tudo precisa de uma homeostase, um ponto de equilíbrio. Seria mesmo possível pausar uma emoção indesejável, sem que outra fosse sacrificada neste processo?

Essa tendência que a gente tem de não suportar emoções negativas tem a ver com a nossa busca incessante pelas positivas. Busca essa que inclusive se faz presente em momentos de desespero, a gente combate a dor procurando mais prazer, o que é inútil, pois nosso corpo sabe que estamos trapaceando na questão da homeostase e logo emite um alerta para nossa consciência, nos impedindo que a gente se sinta em paz. Mesmo o alívio imediato de comida, sexo, álcool ou algum calmante produzirá algum sintoma no dia seguinte. É um ciclo. Alan Watts chamava isso de lei do esforço invertido: quanto mais tentamos nos sentir bem o tempo todo, mas insatisfeitos ficamos, pois a busca por alguma coisa só reforça o fato de que não a temos.

O que podemos fazer então diante da crise? Meu conselho seria fazer algo que trabalhasse a antifragilidade.

A antifragilidade é em essência uma resiliência 2.0. A resiliência 1.0 é quando colocamos pressão sobre alguma coisa e ela volta a sua forma original, com a antifragilidade você coloca a pressão em alguma coisa e ela fica ainda mais forte do que era antes. É o que acontece por exemplo quando vamos na academia e colocamos pressão em nossos músculos, fazendo com que eles fiquem inevitavelmente mais fortes.

Mas nem tudo precisa de muita força. O simples ato de direcionamos nosso foco para atividades que exijam um pouquinho de empenho, como lavar a louça, fazer um desenho, bordar crochê ou tocar um instrumento, faz com que estejamos informando ao nosso cérebro que, apesar dos pesares, ainda conseguimos fazer o que precisa ser feito. E assim vamos aos poucos abdicando do desejo de interromper emoções que não podem ser interrompidas!


(*) Leonardo é Psicólogo e atende em Cerro Largo

Fonte: Leonardo Stoffels / Psicólogo
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