O projeto Desplugado, que limitou o uso de celulares pelos estudantes lassalistas no ambiente escolar, está sendo bem recebido por pais, professores e alunos.
A ideia do projeto, implantado neste reinício letivo, é ir descontinuando o uso dos aparelhos aos poucos, visando estimular mais as interações sociais e otimizar a concentração, a atenção e o foco nos estudos.
Inicialmente, durante as aulas, os estudantes estão guardando os aparelhos em porta-celulares instalados na parede da sala de aula com o nome de cada um.
Eventualmente, e somente sob autorização do professor, é permitido o uso para atividades pedagógicas específicas. É importante destacar que o celular não é considerado material escolar, uma vez que a escola disponibiliza Chromebooks para os estudantes.
No intervalo das aulas, os alunos poderão utilizar seus celulares, preferencialmente e somente para a compra de lanches, mas recomenda-se evitar o uso a fim de fortalecer o convívio e o diálogo entre eles.
A próxima etapa será restringir o uso dos aparelhos durante um dia da semana, inclusive nos intervalos. A intenção não é proibir simplesmente, mas fazer com que os estudantes percebam que os aparelhos não são tão necessários quanto parecem.
Para a professora Tieli Menzel, a mudança no comportamento dos estudantes durante as aulas é visível. A sala ficou mais "barulhenta", mas no sentido bom: com mais discussões, debates e trocas de ideias.
"Essa medida tem estimulado interações mais significativas entre os estudantes. Ao não poderem recorrer instantaneamente aos seus celulares para buscar informações, os alunos são obrigados a pensar de forma crítica e a dialogar entre si, o que fortalece o processo de ensino e aprendizagem", analisa a professora.
Os estudantes concordam. Isabele Jacobs, aluna da 2ª série do Ensino Médio, notou que a interação entre os colegas aumentou.
"Nossa turma sempre foi participativa, mas a troca de ideias agora é maior", afirma.
Já o estudante Augusto Brum, da 1ª série do EM, destaca que a medida ajudou a turma a concentrar-se nos estudos. “Sempre havia quem espiava o celular por debaixo da mesa ou ficava trocando mensagens com o colega pelo dispositivo”, revela.
A nova diretriz da escola é embasada em pesquisas e legislações de alguns países, que evidenciam os efeitos prejudiciais do uso excessivo de celulares. "Já é comprovado que o uso irresponsável dos dispositivos eletrônicos pode levar a danos cognitivos, dificuldades de socialização e aprendizado, e afetar a atenção, em todas as idades", comenta a coordenadora pedagógica e vice-diretora da instituição, Marlete Gut.
Além disso, em 2023, uma experiência na disciplina de Sociologia das 2ª séries do Ensino Médio, proposta pela professora Sandra Balbé de Freitas, corroborou esse olhar sobre os celulares. Os estudantes reuniram-se em um almoço na escola, onde combinou-se que os aparelhos não seriam utilizados por pelo menos uma hora.
Os estudantes aprovaram a ideia e relataram como se sentiram, reconhecendo que a interação com os colegas melhorou muito e que a ansiedade diminuiu.
Para Mariana Schommer, a experiência foi incrível e revigorante. "Foi uma forma de deixarmos a correria do dia-a-dia e o celular de lado e focar mais na partilha e no pensamento em comunidade", defendeu.
Alguns até reivindicaram novos momentos assim, que de fato aconteceu com a organização de um segundo almoço Desplugado, ainda no ano passado.
Comunicados da implantação do projeto a partir este ano, os pais elogiaram a iniciativa da escola, pois também veem como excessiva a dependência dos jovens no uso dos aparelhos.
