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Publicado em 24/07/2021 21:48:29 • Geral

Nos anos 60, levar cargas ao centro do país era uma aventura

Carlito Klein conta algumas histórias que vivenciou, transportando suínos pelo Brasil afora
Carlito Klein e seu Mercedes-Benz carregado com suínos, na Serra do Espigão (Foto: Arquivo Pessoal)

O dia dedicado a Colonos e Motoristas, comemorado em 25 de julho, é uma data significativa para duas profissões com grande identificação em nossa região, homenageando os responsáveis por colocar alimentos na nossa mesa e aqueles que escolheram a estrada como companheira.

Carlito Klein, que mora na Linha São João Norte com a esposa Leda Moscon Klein, tem muita histórias para contar. Em seus 80 anos de vida, por muito tempo trabalhou como caminhoneiro e depois como comprador de grãos e animais, principalmente suínos e gado. Suínos encaminhados para os frigoríficos e gado para o açougue da família, que abasteceu aquela microrregião durante vários anos.

SERRA DO ESPIGÃO

A Serra do Espigão, em Santa Catarina, era ponto de parada obrigatório para os caminhoneiros que levavam cargas de suínos para os frigoríficos do centro do país.

"A gente saía de Cerro Largo à tardinha. Viajava muito e dormia pouco, para chegar ao meio-dia na Serra do Espigão, carregado com suínos. Ali tinha uma bica d´água, para molhar os animais e assim chegarem bem ao seu destino", conta Klein.

Todos os motoristas que transportavam suínos para São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, paravam naquele ponto para dar água e refrescar os animais. "Aproveitávamos para tomar banho e tirar o cansaço da viagem", lembra.

Carlito recorda que levava cargas para Duque de Caxias (Rio de Janeiro), São Paulo e Belo Horizonte. "Mais tarde, também levei suínos para Palmas (Tocantins)", diz.

Naquela época, década de 1960, era estrada de chão até Vacaria. "A atual Via Dutra também era de chão. Os antigos motoristas, como Harri Heinz, Jorge Bretas, Anselmo Escher e Cacildo Griebeler, viajavam com caminhões F600 a gasolina. Não era um trabalho fácil, mas ninguém reclamava", destaca Klein.

MOMENTOS DE LAZER

Mas nem tudo era trabalho pesado. Também havia momentos de lazer e descontração. Carlito Klein conta que em Taboão da Serra, em São Paulo, havia com cancha de bocha. "Carneávamos um porco ao meio-dia, para fazer um churrasco. E à noite, a janta era galinhada de tacho. Certa vez, fomos num mercado comprar mantimentos e nos deparamos com uma gaita de oito baixos. Chamamos o Cacildo Griebeler para vê-la e logo perguntou se estava à venda e se podia experimentá-la. O Cacildo a espichou de todo comprimento e tocou um vanerão, que parou o mercado. Aí o povo pediu para repetir e, como bom gaiteiro, tocou outras mais. Na negociação, o dono pediu 90,00, mas a gaita foi comprada por 85,00 e paga por mim, pelo Cacildo e pelo Jorge Bretas. O instrumento ficou com o gaiteiro, em seu caminhão. Pelos anos 70, o Cacildo iniciou a Pedreira Griebeler e a gaita permaneceu com ele, como uma boa recordação daqueles tempos", rememora Klein.

PONTE DE TONÉIS

Outra passagem marcante na trajetória de motorista ocorreu em 1961. Uma grande enchente levou a ponte sobre o rio Pelotas, na divisa entre o Rio Grande do Sul (Vacaria) e Santa Catarina (Capão Alto, na época um distrito de Lages).

"A ponte foi levada pelas águas e o Exército montou uma ponte com tonéis, que dava passagem de um veículo por vez. Depois, o Exército construiu uma ponte mais robusta, até que a ponte atual fosse inaugurada, em 1965", lembra Carlito.

HOMENAGEM

Além das menções a Cacildo Griebeler, Jorge Bretas, Harri Heinz e Anselmo Escher, Carlito Klein faz questão de recordar outros dois parceiros de profissão.

"Para encerrar, não posso deixar de homenagear dois companheiros de estrada, o Jacó Theobald, com seu Mercedes-Benz 2013, e o saudoso Irineo Schreiner, com seu Scania Jacaré, que estavam sempre prontos para qualquer emergência com os colegas", finaliza.

Fonte: Luís Henrique Franqui
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