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Publicado em 21/06/2025 12:16:03 • Saúde

Burnout não é frescura

Entenda a exaustão crônica ligada ao trabalho, quais os sintomas e como agir
Imagem meramente ilustrativa (Foto: Canva)

Síndrome do burnout atinge 1 em cada 3 brasileiros com estresse no trabalho e pode causar exaustão física e emocional profunda

Sentir-se tão esgotado a ponto de não conseguir sair da cama, tomar banho ou colocar uma roupa. Ter alterações no sono, no apetite e perceber que nada mais do trabalho parece importar. Esses são alguns dos sinais clássicos do burnout, uma síndrome ocupacional provocada por estresse crônico não gerenciado no ambiente de trabalho.

O problema já atinge 32% dos trabalhadores brasileiros, segundo dados da ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil), uma organização dedicada à pesquisa científica e à prevenção do estresse. Em entrevista ao podcast Bem-Estar, a psicóloga Ana Maria Rossi, foi categórica ao alertar: "A pessoa tem uma sensação de exaustão que sair da cama, tomar um banho, colocar uma roupa, são atividades que demandam um esforço sobrenatural. Ela basicamente se arrasta".

A especialista reforça que o burnout é frequentemente confundido com a depressão, mas a principal diferença é o vínculo direto com o ambiente profissional.

"A depressão pode afetar qualquer pessoa em qualquer idade. Já o burnout só pode ocorrer em quem está ativo no mercado de trabalho. Ele é uma síndrome resultante do estresse crônico não administrado no local de trabalho".

 

Síndrome e não doença: qual a diferença?

Apesar de estar classificado desde 2022 como "doença ocupacional" pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o burnout não é tecnicamente uma doença.

"A doença é uma condição médica com causas identificáveis. Já a síndrome é um conjunto de sinais e sintomas que ocorrem simultaneamente, normalmente sem causa definida", explicou Ana Maria Rossi no podcast Bem-Estar.

Três sinais que ajudam a identificar o burnout

De acordo com a psicóloga, para ser diagnosticado com burnout, o profissional precisa manifestar três dimensões fundamentais:

Exaustão – cansaço físico e emocional que não melhora nem com férias;

Ceticismo – apatia, insensibilidade e distanciamento em relação ao trabalho;

Ineficácia – queda na produtividade, alta margem de erro e sensação de incapacidade.

 

Quem corre mais risco?

A síndrome costuma surgir em profissionais insatisfeitos, desmotivados e que não respeitam seus próprios limites.

"O profissional sabe que está ultrapassando seus limites, mas continua por diversas razões. Isso o torna um forte candidato a ter burnout”, disse Ana Maria Rossi.

Entre os principais gatilhos estão:

- jornadas excessivas,
- insegurança no emprego,
- falta de apoio no trabalho,
- metas inalcançáveis,
- e conflitos entre vida pessoal e profissional.

 

Trabalho remoto é vilão ou aliado?

Segundo a psicóloga, o home office teve efeitos diversos. Para alguns, trouxe ganho de tempo e produtividade. Para outros, principalmente os mais sociáveis, causou isolamento e dificuldade de adaptação.

Apesar da percepção de aumento, Ana Maria alerta que o crescimento dos diagnósticos pode estar associado a confusões conceituais.

"Há uma grande confusão. Burnout é só ligado ao trabalho. Não existe burnout gestacional, burnout do idoso. Não há comprovação científica disso".

 

Como tratar (e prevenir)?

O tratamento pode incluir psicoterapia, antidepressivos nos casos mais graves e mudanças no estilo de vida. Mas, segundo a especialista, afastamento do trabalho nem sempre é a melhor solução:

"Algumas pessoas não se beneficiam com o afastamento porque não têm apoio social. Elas se sentem inúteis e isso pode piorar o quadro".

A chave, segundo ela, está em adotar práticas de autocuidado e estabelecer limites claros:

- praticar respiração abdominal;
- manter momentos de lazer;
- buscar apoio emocional e social;
- cuidar da alimentação e evitar álcool e cigarro.

 

Empresas também têm responsabilidade

Com a classificação da síndrome pela OMS, o Brasil passou a ter novas regras. A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) determina que empresas criem políticas para prevenir o burnout — evitando, por exemplo, jornadas abusivas e assédio moral.

A fiscalização, que estava prevista para maio de 2025, foi adiada para maio de 2026. Mesmo assim, Ana Maria acredita que o alerta já está aceso nos gestores: "Eles poderão ser responsabilizados juridicamente. Por isso, devem estar atentos a cargas de trabalho sustentáveis, reconhecimento e um ambiente de apoio aos funcionários".

Fonte: G1
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