A pior área do mundo sob risco de seca pelos índices de estado da vegetação neste mês de janeiro está concentrada entre Argentina, Uruguai e o Rio Grande do Sul, mostra o mapa da NOAA de monitoramnto de vegetação e seca em todo o planeta. São três anos seguidos de seca na região e a falta de chuva se agravou ainda mais nos últimos meses com precipitações extremamente deficientes.
SITUAÇÃO DRAMÁTICA NA ARGENTINA
O país mais castigado é a Argentina. A situação é dramática pela severa e excepcional seca prolongada no país que arrasa a agricultura e castiga fortemente a pecuária do país. Os números e a extensão da seca são de impressionar. O balanço publicado no começo deste mês pelo governo mostrou que a seca atingiu 175 milhões de hectares em dezembro com um aumento de 10 milhões de hectares relação a novembro.
O relatório destacou o aumento da área sob seca severa com um acréscimo de 4,5 milhões de hectares em que piorou sua condição. Durante dezembro, foi observado um aumento de 10 milhões de hectares em relação ao mês anterior, totalizando 175 milhões de hectares em risco por estiagem em todo o país.
Três anos sucessivos de seca têm suscitado temores na Argentina de que a colheita deste ano, particularmente de soja, seja significativamente reduzida, causando um golpe nas exportações do país sul-americano e em seu abastecimento interno.
Metade do milho precoce foi perdido na região central da Argentina. Dos 100 mil hectares ainda produtivos, metade está em mau estado, 35% está regular e apenas 15% está em bom estado. Como consequência da catástrofe agrícola, muitos lotes inicialmente destinados à produção de cereais estão sendo comprados por criadores de gado.
EMERGÊNCIA NO URUGUAI
As chuvas registradas no fim de semana no Uruguai foram insuficientes para reverter a seca que afeta o país, informou o Sistema Nacional de Emergências (Sinae) na segunda-feira (23/1). "Não bastou, não serviu para melhorar a situação estas últimas chuvas que caíram", afirmou o director nacional do Sinae, Sérgio Rico, consultado pelo canal 10 da televisão local.
Ele indicou que "houve uma pequena chuva onde os únicos beneficiados foram os departamentos de ColÔnia, Río Negro e Soriano com não mais de 30 milímetros, de 10 a 20 milímetros na média", e outra pequena chuva em Rivera.
O Uruguai está sob seca em todo o seu território desde 11 de outubro, segundo o Instituto Uruguaio de Meteorologia (Inumet), e mais de 40% da área nacional está sob os efeitos da forte seca. Essa categoria funciona como um ponto intermediário: abaixo, estão a seca "moderada, que afeta 33,02% do território nacional (58.352 quilômetros quadrados), e a "seca anormal", que afeta 2,48% do território nacional (4.390 quilômetros quadrados).
Por outro lado, subindo na escala adotada pela Meteorologia do Uruguai, há mais dois tipos de seca: "extrema" e "excepcional". A primeira afeta 20,51% do território nacional (36.233 quilômetros quadrados) e a segunda 1,85% (3.272 quilômetros quadrados).
SITUAÇÃO PIORA NO RIO GRANDE DO SUL
O Rio Grande do Sul enfrenta o terceiro ano seguido de estiagem e a situação piora a cadad ia na maioria das cidades do estado castigadas pela escassez hídrica. Com isso, os prejuízos não param de se avolumar no campo e o abastecimento de água para a população está em quadro crítico em diversas cidades. Alguns municípios já enfrentam racionamento.
A estiagem forçou declaração de emergência em três de cada dez municípios do estado, mas o número sobe rapidamente. Ontem (24/1), a Defesa Civil contabilizava 149 decretos de emergência emitidos, ou seja, 30% dos 497 municípios gaúchos estão em emergência pela estiagem.
Os mapas com a sequência do risco de seca moderada a excepcional da metade dos meses de novembro, dezembro e janeiro ilustram como as áreas de seca severa se expandiram durante as última semanas do Norte e do Nordeste da Argentina para o Uruguai e a Metade Oeste gaúcha e a fronteira com o Uruguai.
Os prejuízos são muito grandes nas lavouras de milho e são crescentes na cultura de soja no interior gaúcho. Se a chuva seguir irregular e escassa nas próximas semanas, a quebra que hoje é pior no milho atingirá em cheio a cultura de soja, gerando prejuízos ainda maiores.
No milho, segundo a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), já são registradas perdas irreversíveis. A preocupação agora é com a cultura da soja se não houver chuvas nas próximas semanas.
Segundo o presidente da entidade, Paulo Pires, em regiões como as Missões já se tem de 75% a 80% de perdas no milho, escapando só aquele milho plantado em julho que é de alto risco porque o produtor perde potencial produtivo e arrisca a perder com o frio e a geada.
"No milho temos perdas expressivas. Sabemos que no milho tem uma questão variável, pois uma parte do Estado planta mais tarde e em alguma parte pode ter chovido. Infelizmente é algo muito ruim para a economia do Rio Grande do Sul que são duas estiagens, uma atrás da outra", destaca.
Já na soja, o dirigente ressalta que ainda é difícil falar em perdas, pois elas têm diferentes proporções. "Em alguns lugares até choveu um pouco, tem lugar que plantou mais tarde, então é difícil falar nesse momento de perdas na soja. O que nos nos preocupa muito é que não temos uma perspectiva de normalização de chuvas", observa.
Pires salienta ainda sobre a questão dos produtos do milho e da soja irrigados, informando que acabou a água praticamente na maioria dos reservatórios e não se tem como repor essa água porque não existem chuvas.