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Pelo terceiro ano consecutivo, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), vinculado à Secretaria de Logística e Transportes (Selt), divulga a campanha de conscientização sobre os prejuízos da colheita precoce do pinhão na região da Rota do Sol (RSC-453/ERS-486).
Com o lema Se você gosta de pinhão, evite colher, comprar ou consumir antes do dia 1º de abril, a iniciativa busca proteger a semente da araucária no trecho da rodovia que se estende de Tainhas a Terra de Areia.
A campanha faz parte do Programa de Comunicação Social, que é uma das exigências para o licenciamento ambiental da Rota do Sol pelo Ibama, e visa instruir a população sobre a importância da preservação do meio ambiente. O pinhão, que serve de alimento para cerca de 70 espécies de animais, precisa ser colhido na época certa para garantir a nutrição da fauna e a dispersão das sementes, que darão origem a novas araucárias.
O biólogo Luiz Carlos Leite, da Superintendência de Meio Ambiente do Daer, destaca que a ação foi incluída no Programa de Comunicação Social da Rota do Sol , devido à relevância da araucária, árvore símbolo da região, que se encontra ameaçada de extinção. "A colheira antecipada da semente, além de prejudicar o surgimento de novas árvores, pode trazer prejuizos à saude de quem a consome, pois o pinhão verde se deteriora mais rapidamente, favorecendo o surgimento de mofo", esclarece o biólogo.
"Percebemos que a colheita antecipada das sementes da araucária tem diminuído gradativamente", relata Vanessa Castro, gestora da Estação Ecológica Estadual (Esec) Aratinga. A servidora estadual atribui a mudança ao trabalho de conscientização sobre os impactos negativos dessa prática e à campanha que tem sido feita nos últimos anos. "Antes, flagrávamos muitas pessoas vendendo pinhão antes do tempo, mas agora notamos uma redução significativa, principalmente entre as comunidades próximas às Unidades de Conservação", reforça.
Para disseminar essas informações, a campanha conta com a distribuição de banners em locais estratégicos da rodovia, como postos de gasolina, restaurantes, tendas de artesanato, escolas e outros espaços públicos. Além disso, serão realizadas publicações nas redes sociais do Daer, com cards que abordam a proteção da espécie, a alimentação dos animais e a saúde dos consumidores.
Edison da Rosa, da Área de Proteção Ambiental (APA) Rota do Sol destaca a importância da campanha como ferramenta de conscientização e menciona a parceria com comerciantes locais que, no seu entender, são "muito comprometidos com a preservação da espécie e não querem comercializar o pinhão antes do prazo". Também reforça que a fiscalização em campo contribui para coibir o comércio ilegal: “hoje, se existe comércio de pinhão, é muito escondido e em pouca quantidade, pois aos poucos as pessoas vão tomando consciência. Estamos indo para terceiro ano da campanha e já vemos essa redução”, relata com otimismo.
A Rota do Sol, com seus 53,5 km de extensão, corta uma área de grande importância ambiental, abrangendo três Unidades de Conservação: a Esec Aratinga, a APA Rota do Sol e a Reserva Biológica (Rebio) Estadual Mata Paludosa.
O licenciamento ambiental desse trecho, que se inicia na ponte sobre o arroio Tainhas e se estende até o "Viaduto de Transposição”, em Terra de Areia, é acompanhado pelo Ibama e inclui o Programa de Comunicação Social, desenvolvido pelo Daer.
A Rota do Sol possui, ao todo, 749,5 km, ligando Curumim a São Borja.