


Condição é uma doença autoimune que mescla características do diabetes tipo 1 e do tipo 2
Recentemente, o cantor Lance Bass, 46, integrante do NSYNC contou que recebeu o diagnóstico de diabetes autoimune latente em adultos (Lada), também conhecido como diabetes tipo 1,5. Em entrevista ao TMZ, o artista falou que recebeu a notícia de que teria que conviver com a doença para sempre durante a pandemia.
O Lada mescla características tanto do diabetes tipo 1 quanto do tipo 2 e, por isso, é conhecido popularmente como diabetes tipo 1,5. "É um tipo de diabetes autoimune (como o tipo 1) que geralmente surge em adultos e tem uma progressão mais lenta e com menos sintomas do que o diabetes tipo 1 clássico, lembrando o tipo 2", explica Melanie Rodacki, endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune caracterizada pela destruição das células produtoras de insulina, sendo que seu início é mais comum na infância e na adolescência. "Geralmente, começa com sinais e sintomas abruptos de glicose alta (muita sede, muita urina, acordar a noite para urinar, perder peso sem explicação e ter visão turva). Necessita do uso de insulina desde o diagnóstico", explica Rodacki.
Já o diabetes tipo 2 é mais comum na vida adulta e está associado à obesidade, sobrepeso e sedentarismo. Nela, há a resistência da ação da insulina e produção insuficiente deste hormônio, além de outras alterações no metabolismo. "Pode ser controlado com dieta, exercícios físicos e medicamentos não-insulínicos, mas pode necessitar de insulina em casos selecionados", afirma a endocrinologista.
Por fim, o Lada é um tipo de diabetes autoimune -- assim como o diabetes tipo 1 -- mas que se desenvolve de forma lenta em adultos. "Geralmente, as pessoas acometidas são mais magras e mais jovens do que as pessoas com diabetes tipo 2 e precisam de insulina muito mais rapidamente ao longo do curso da doença (em 6 meses ou poucos anos)", explica.
De acordo com Rodacki, o Lada também costuma estar associado a outras doenças autoimunes, como doenças da tireoide.
O Lada, inicialmente, pode ser uma doença silenciosa, ou seja, não apresentar sintomas. Em alguns meses ou anos, pode haver o aumento progressivo da glicose de forma mais rápida do que seria no diabetes tipo 2, levando à necessidade do uso de insulina.
Além disso, outros sintomas de Lada incluem, de acordo com a Cleveland Clinic:
- Aumento da sede (polidipsia);
- Vontade frequente de fazer xixi;
- Perda de peso sem causa aparente;
- Visão turva;
- Fadiga;
- Pele seca;
- Coceira.
O diagnóstico do Lada começa com a investigação de um diabetes comum: glicemia de jejum, hemoglobina glicada e/ou teste de tolerância à glicose por via oral. "Se houver suspeita de Lada pela evolução clínica ou quadro clínico inicial, deve ser solicitada dosagem de anticorpos ligados à diabetes, que sinalizam a presença de autoimunidade", explica Rodacki.
O Lada é confirmado pelos critérios abaixo:
- Idade de início dos sintomas, geralmente após os 30 anos;
- Não precisar de insulina nos primeiros 6 meses;
- Presença de autoanticorpos ligados à diabetes no sangue, especialmente o anticorpo anti-GAD.
Inicialmente, em pacientes que não precisam de insulina, o Lada pode ser controlado com mudanças no estilo de vida, como a prática regular de exercícios físicos, perda de peso, alimentação saudável e parar de fumar.
"Com o tempo, o corpo vai perdendo a capacidade de produzir insulina e, geralmente, é preciso iniciar a aplicação de injeções", afirma a endocrinologista. Medicamentos orais para reduzir o açúcar no sangue também podem ser indicados, a depender do caso.
Por se tratar de uma doença autoimune, não é possível prevenir o Lada, de acordo com Rodacki. "O diagnóstico precoce pode ajudar a evitar complicações e iniciar o tratamento adequado na hora certa", finaliza.