Cerro Largo, 31 de janeiro de 2025. Boa Madrugada!
[email protected] (55) 9.9982.2424
Logomarca LH Franqui
Publicado em 18/06/2019 09:48:40 • Artigos

Transporte coletivo

Imagem meramente ilustrativa

Por José Grisolia Filho

Depois do desmonte do transporte ferroviário de passageiros, se registra a desestruturação do transporte rodoviário. E, para que isso esteja ocorrendo, existe um roteiro de acontecimentos que explicam essa situação, não percebida inteiramente na época e que informa porque a opinião pública não reagiu quando tudo começou a acontecer.

Verifica-se, hoje, que a implantação da indúsria automobilística tinha um pesado custo oculto da opinião pública. O projeto envolvia não apenas a fabricação de automóveis, mas também ônibus e caminhões para transportar passageiros, mercadorias e a produção rural. E para ser viável esse projeto, foi necessário pavimentar estradas por todo o Brasil. A consequência foi o abandono do transporte por trem, porque certamente não havia dinheiro para atender os dois modais, ficando a fantástica malha ferroviária sem uso em boa parte do País, até atingir o seu esclerosamento.

Em nossa região, essa situação foi sentida duramente, porque perdemos o trem e não tinhamos ônibus para os principais destinos, entre os quais Porto Alegre e o centro do País. Para viajar - e o ônibus era e continua sendo a única alternativa, afora o carro próprio - era preciso deslocar-se até Santo Ângelo, onde a viagem poderia ser iniciada.

No interior dos municípios e nas novas cidades, linhas de ônibus nem sempre são disponíveis, porque o automóvel passou a atender boa parte da população, deixando a outra parte na situação aflitiva de não ter meios próprios para fazer seus deslocamentos e não poder contar com o transporte coletivo, que foi encerrando atividades, por falta de viajantes.

A paralisação do trem atingiu a região das Missões profundamente. Mas na época, isso não foi sentido, porque nossos olhos estavam voltados somente ao fascínio do asfalto, do automóvel, e do transporte rodoviário. Hoje, com a desorganização do transporte coletivo por via rodoviária, muitas cidades e regiões estão ficando isoladas. Aqui em nossa região, muitas linhas de ônibus que davam acesso aos distritos e também alguns municípios, estão sendo desativadas. Quando isso não ocorre, se registra a redução na frequência.

O transporte coletivo é mais barato e atende especialmente classes sociais que não podem ter transporte próprio, especialmente em trechos curtos, da vila rural para a cidade mais próxima. Para ir ao médico, comprar medicamentos, vender sua produção, abastecer-se no comércio para atender necessidades da família, se cria uma tremenda necessidade, que só uma carona resolve, por meio de um amigo ou vizinho melhor aquinhoado financeiramente.

Mas a carona nem sempre é possível. E nem surge quando mais precisamos, como transportar um doente, por exemplo. Nenhuma outra solução é melhor que o transporte coletivo, que serve a todos, igualmente, sem precisar pedir favor.

Sem o trem e estações ferroviárias, sem o ônibus e estações rodoviárias, nos encaminhamos para ter enormes dificuldades para qualquer deslocamento. Parece incrível e até mesmo inimaginável, mas caminhamos nesse rumo. É urgente uma saída para esse problema, movimentando modais para o transporte coletivo, de forma a garantir transporte barato e na hora que precisamos.

Fonte: José Grisolia Filho
transporte coletivo
trem
ônibus
CONTINUE LENDO
Receba nossas notícias pelo WhatsApp