A costura artesã requer o domínio das técnicas de costura para a confecção de roupas e artesanato. Costurar pode significar um meio de terapia, de desenvolvimento da coordenação motora e da concentração, fazendo bem à saúde.
Costurar pode significar um meio de terapia, porque é uma prática prazerosa, capaz de ativar a imaginação e a criatividade; capaz de ocupar a mente, canalizando à concentração; capaz de intensificar a oportunidade de criação e (re)estabelecer a autoestima, por exemplo.
Tendo uma criança já desenvolvido a coordenação motora fina, a costura pode ser um meio auxiliar à coordenação motora grossa, devido à ideia de compreender uma tarefa que exige maior habilidade, via plano sistemático da atividade de lida com agulhas, linhas e demais objetos que a arte comporta.
Costurar pode render melhor concentração, porque durante um certo tempo e ao jeito de cada um, a ocupação exige convergência, ou seja, concentração no que se está fazendo. Essa prática diária leva a possibilidades de concentração em outras áreas, como por exemplo, nos estudos.
É assim que Raqueli Morais Barbosa (11), residente no Bairro Esplanada, em Cerro Largo, se mostra encantada com a arte da costura. Construir peças para si mesma, para a irmã e para as bonecas lhe traz uma sensação divertida e prazerosa, capaz de transformar suas horas, em casa, em momentos possíveis de concentração e criação e, ao mesmo tempo, possíveis de distração e divertimento.
É neste espaço lúdico, de brincadeira com o pano, a agulha e a linha, que Raqueli vem encontrando horas mais felizes. Desde o momento de pensar sobre a peça que vai construir e o da confecção, até o instante de ver a peça pronta, Raqueli permanece concentrada. E, ativa, desbrava este universo.
Trata-se de um talento apaixonante que Raqueli descobriu aos nove anos de idade. Conta que foi no Dia da Criança, quando iria a uma festa de aniversário e não tinha presente para levar à aniversariante. Construiu o seu primeiro vestido, à mão própria, e presenteou a amiguinha de três anos de idade. Depois disso, nunca parou. Faz os vestidos, no seu tempo e no seu jeito.
Para Raqueli, o pano, a linha e a agulha já se tornaram peças essenciais ao seu dia a dia. Não mais importantes que os livros e as tarefas escolares. Perguntada sobre se a costura atrapalha o seu rendimento escolar, Raqueli respondeu: "a costura não me atrapalha, porque eu costuro quando eu tenho tempo, depois dos trabalhos escolares. Primeiro eu estudo, depois eu faço os vestidos". Também, o fato de estar costurando colaborou para que Raqueli melhorasse os traços na auto expressão artística: "eu não só costuro, eu desenho, também".
Ela tem como prioridades os estudos e as brincadeiras. Tem um tempo para as tarefas escolares e para ler. E como forma de lazer e diversão, elege aquelas que toda criança se interessa: as recreações, as interações, os joguinhos, o imaginário.
A costura funciona como favorecedor à conexão com um fazer de outros tempos, realizado por avós e, no caso de Raqueli, pela sua mãe. A mãe da Raqueli ensinou a filha a costurar. E supervisiona a ação dela com os materiais, sempre: o cuidado com a tesoura, as agulhas e demais materiais, quando ela está ativa no seu hobby.
UM SONHO
A menina foi adquirindo confiança em si mesma, usando a criatividade e confeccionando peças, demonstrando talento e propriedade. Com o desenvolvimento da prática da costura manual nasceu um desejo. Em entrevista, Raqueli contou que o seu sonho é ganhar uma máquina de costura, panos e linhas, porque quer desenvolver as suas habilidades e o domínio da técnica da costura à máquina.
Ela comentou: "o meu desejo de hoje é ter uma máquina de costura, tecidos e coisas de costura".
Esta história, que liga os ideais de um sonho infantil a uma possível profissão futura, está sendo bem vista pelo Rotaract Club de Cerro Largo que, em campanha, vem contando com o apoio de órgãos públicos, e quer contar, também, com a ajuda de pessoas da comunidade e região, que se sintam entusiasmadas a tornar realizável esse sonho.
