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Publicado em 08/11/2018 15:56:44 • Artigos

Padre Roque Gonzales e seu coração

No dia 17 de novembro, o Coração do Padre Roque Gonzales estará em Cerro Largo
Crédito: Portal das Missões

Por Almiro Spies

Em breve teremos a visita do coração milagroso do Pe. Gonzales SJ a Caaró, Cerro Largo e Roque Gonzales. É oportuno publicar um pequeno histórico referente a este coração conservado intacto já por 380 anos.

O comentário aqui publicado é um histórico esmiuçado do livro do historiador Pe. Luiz Gonzaga Jaeger SJ. É dele a afirmação, que nenhum acontecimento nas reduções jesuíticas foi tão abundantemente documentado e registrado com escritos e testemunhas como o martírio dos três mártires de Caaró e Pirapó.

O Pe. Roque entrou no RGS em 1626 com diversos companheiros missionários jesuítas. Fundou São Nicolau, mais depois Candelária (hoje interior de Rolador), Assunção de Ijuí (hoje Roque Gonzales) e também Caaró, todas mais ou menos perto do cerro de Inhacurutum, domicílio do grande cacique Nheçú. Os índios todos lhe eram submissos integralmente. Os missionários de cada uma das quatro reduções com facilidade conseguiriam atrair muitos índios para seu lado.

Nheçú percebeu que seus súditos estavam se retirando, e se revoltou furiosamente. Convocou seus caciques e ordenou matar todos os missionários de todas as reduções, a começar pelos de Caaró.

Pe. Roque, por saber falar a língua dos índios, já havia conquistado muitos deles para a sua redução. Marcou o dia 15 de novembro para erguer um tronco de madeira para nele pendurar um sino e chamar os índios para o culto. Era grande a novidade e muitos índios se reuniram para apreciar esta novidade. Diversos caciques de Nheçú se infiltraram entre os curiosos, com más intenções.

O Pe. Roque estava debruçado, a cabeça rente ao chão, ocupado para atar o badalo do sino. No momento um cacique infiltrado deu violentíssimo golpe com tacape, machado indígena que é de pedra, rachou a cabeça e fez saltar os miolos. O missionário caiu e teve morte instantânea. Com o alvoroço, o Pe. João de Castilho veio ver o que se passava, e foi agarrado e golpeado com tacape e também caiu morto. Os assassinos arrastaram os corpos para dentro da capelinha, saquearam e destruíram cálice, livro de missa, e pertences, rasgaram a imagem de Nossa Senhora Conquistadora e incendiaram a capelinha, pensando que a capela e os corpos iriam sumir. E se retiraram.

No dia seguinte retornaram para ver se havia sobrado alguma coisa. Como queimou apenas a parte inferior do corpo, ajuntaram mais lenha e jogaram no fogo.

O coração se manifesta

Foi neste instante que o coração do Pe. Roque se manifestou e falou. Parecia a voz do Pe. Roque que saia do peito. Os assassinos estupefatos, clara e distintamente perceberam a voz que dizia: “Matastes quem vos amava e queria bem. Mataste o meu corpo, minha alma está no céu. Não tardará o castigo por teres rasgado o quadro da Mãe de Deus. Voltarei para vos ajudar”. Furiosos deram uma flechada no peito. Mas a voz seguia. Mais furiosos ainda abriram o peito arrancaram o coração e o jogaram no fogo, continuou se manifestando e tomou também uma flechada, e os assassinos se retiraram.

O Pe. Roque era considerado santo entre todos os missionários da grande região, o conheciam perfeitamente porque eram irmãos de hábito e jesuítas. Por isto o Pe. Pedro Romero missionário de Candelária, distante 17 km de Caaró logo foi recolher o restos dos dois mártires e os levou para Conceição, na Argentina. O provincial dos jesuítas tomou o coração e colocou em uma caixinha de madeira, fechada e selada devidamente. Por anos guardado em Conceição. Depois foi levado para Roma e por 63 anos ficou guardado na caixinha de madeira. Em 1696 o Superior Geral dos jesuítas fez novo reconhecimento legal, e foi colocado num relicário de prata. Por causa da suspenção da Companhia de Jesus o relicário com o coração ficou esquecido por mais de 200 anos, numa casa da Companhia de Jesus.

Em 1928, por ocasião dos 300 anos de martírio surgiu o processo de beatificação. O relicário por centenas de anos esquecido, foi localizado, procedeu-se um novo reconhecimento legal, constatou-se legitimidade de coração humano, uma perfuração e outras características e em perfeito estado de conservação.

Também em 1928 foi trazido de Roma para Buenos Aires e conservado em casa jesuítica. Como a causa da beatificação estava em andamento, o próprio líder do processo, Pe. José M. Blauco percorreu, com o relicário, a Argentina, Paraguai e Uruguai.

Em Serro Azul e Rio Grande do Sul

Em 1940 o coração milagroso entrou no Rio Grande do Sul iniciando por Serro Azul, hoje Cerro Largo, onde na ocasião era celebrado o Congresso Católico (Catolihen Versamlung). Partindo de Buenos Aires, de São Borja em diante foi levado por avião em companhia do Provincial e Pe. Balduino Rambo SJ. Como aqui não havia onde aterrissar o avião circulou sobre Serro Azul, ocasião em que foi saudado no alto com estrondosa salva de morteiros e toques dos sinos. De Santo Ângelo à Cerro Largo veio de automóvel e recepcionado pelo povo. Outra salva de morteiros e badalar solene dos sinos.

Partindo para Caaró local exato do seu martírio a 300 anos, devotos de longe e perto assistiram à missa celebrada pelo Provincial Pe. Walter Hofer SJ e Dom Antônio Reis, bispo de Santa Maria.

Partindo de Caaró por 43 dias, percorreu todas as Dioceses do Estado, visitando 58 paróquias.

Em todos estes locais, devotos e curiosos afluíram para venerar e conhecer este coração intacto por mais de 300 anos. Coração que falou aos algozes do martírio do Pe. Roque Gonzales de Santa Cruz.

 

Saiba mais

Este ano celebra-se 390 anos do Martírio dos Santos São Roque Gonzales, São João de Castilho e Santo Afonso Rodrigues.

Na 85ª Romaria do Caaró, dia 18 de novembro, haverá a presença do Coração do Pe. Roque Gonzales.

Em Cerro Largo, ele estará exposto para visitação na Igreja Matriz, dia 17 de novembro, das 15h às 17h30. Após a missa, irá para Roque Gonzales.

Fonte: Almiro Spies
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