O preço pago ao produtor de leite do Rio Grande do Sul registrou queda de 7,05% em julho, cotado a R$ 2,3859 o litro, segundo levantamento feito pelo Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Rio Grande do Sul (Conseleite), associação que reúne representantes de produtores rurais de leite do Estado e de indústrias de laticínios.
Trata-se da primeira desvalorização apontada pelo indicador desde março, quando o preço médio ficou em R$ 2,2456 o litro. Segundo o coordenador do Conseleite e presidente do Sindicato Rural de Erechim, Allan André Tormen, o início do inverno é um período em que há aumento sazonal na oferta de leite do Estado, o que pode contribuir para pressionar as cotações.
"O valor de referência indica que o mercado não está conseguindo absorver os preços que nós teríamos antes. Por outro lado, a gente tem um maumento nas importações devido à condição comercial de preços do leite interno no Brasil e preços de leite no mercado mundial, dada essa condição de favorecimento da importação pelo Brasil de derivados da Argentina e do Uruguai, em função do acordo do Mercosul", explicou Tormen.
A estimativa é elaborada pela UPF, tendo como base dados fornecidos pelas indústrias a partir da movimentação registrada nos primeiros 20 dias do mês, e reflete o impacto das chuvas na captação de matéria-prima e no processamento de leite no Rio Grande do Sul.
O encontro foi realizado no Sindicato Rural de Erechim (RS), dentro do processo de interiorização do Conseleite. O conselho já esteve reunido em Estrela e pretende passar ainda por Cruz Alta.
"Enquanto representante da Farsul e dos produtores, é nosso papel estreitar laços e contribuir para maior profissionalização nestas relações com demais entes. Creio que estamos cumprindo esta demanda com os encontros no interior", pontua Allan André Tormen, coordenador do Conseleite.
De acordo com o secretário estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Clair Kuhn, a importação de produtos lácteos de países do Mercosul tem agravado os problemas enfrentados pelo setor.
"Quando começaram algumas empresas importarem o leite de outros países, especialmente da Argentina, nós trouxemos a problemática para o governo do Estado. Na condição de Secretaria da Agricultura nós levamos isso ao Mapa, em Brasília, onde o governador Eduardo Leite e o vice levaram essa cobrança oficialmente à Presidência da República, pedindo uma medida que controlasse essa importação ou proibisse. essa medida não veio ao agricultor, que já foi afetado muito pelas chuvas em todo o Estado", afirmou Kuhn.
A próxima reunião do Conseleite, que irá discutir medidas para o setor, está marcada para acontecer na Casa da Ocergs na Expointer, em Esteio (RS), quando está previsto o lançamento da Calculadora de Qualidade do Leite.
"Esta ferramenta vai auxiliar como referência para o pagamento ao produtor do leite adquirido, dando maior transparência na relação entre produtor e indústria", assinala Tormen.