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Publicado em 23/11/2021 11:55:23 • Meteorologia

Trimestre deve ter chuvas abaixo da média, nas Missões

Estimativa é de chuvas abaixo do esperado para novembro, dezembro e janeiro
Em outubro, a ocorrência de chuvas apresentou valores muito heterogêneos

A estimativa é de comportamento das chuvas abaixo do esperado para os meses de novembro, dezembro e janeiro. Novembro será o mês com menos precipitação

O boletim climático do trimestre novembro-dezembro-janeiro, elaborado pelos professores da UFFS-Cerro Largo Anderson Spohr Nedel e Sidinei Zwick Radons apresenta o desenvolvimento do fenômeno La Niña no Oceano Pacífico Equatorial (região do Niño 3.4 apresentou temperatura da superfície do mar (TSM) na última semana 1.1°C abaixo da normalidade - mais frio). A TSM do Oceano Atlântico (Sul), próximo ao litoral gaúcho (especialmente sul gaúcho), entre 3 e 30 de outubro, apresentou uma média de anomalias de temperaturas ligeiramente positivas.

As últimas rodadas dos modelos climáticos mantêm para o final da primavera e verão a influência do fenômeno La Niña. Segundo a Nacional Oceanic Atmospheric Administration (NOAA), os meses de novembro e dezembro devem ser os mais influenciados pelas precipitações e, ainda, há uma probabilidade (≅90%) de continuidade do fenômeno nos meses de dezembro e janeiro.

Apesar de haver estimativa (em virtude da La Niña) de chuvas abaixo da média (em novembro, dezembro e janeiro), em caso de persistência das anomalias positivas nas temperaturas das águas no Atlântico (Sul), devem ocorrer precipitações na região. Embora sejam poucas, é verdade, e com distribuição bem irregular (semelhante ao ocorrido, no mesmo período, no ano passado). A estimativa é de o total de precipitações no trimestre fique abaixo do normal.

Para novembro e dezembro, os modelos estimam chuvas bem abaixo da média climatológica (que é 162 e 161mm, respectivamente) e para janeiro o acumulado de chuva também deve ficar abaixo normalidade (que é 143,5 mm). Entretanto, não tão impactado quanto novembro e dezembro, considerando a média climatológica 1981-2010 da estação de São Luiz Gonzaga/INMET.

Com relação as temperaturas médias mensais, nota-se que o mês de outubro foi ligeiramente mais quente que a média (o esperado para o mês é 21°C). Os modelos climáticos estimam para os meses de novembro, dezembro e janeiro temperaturas acima da normalidade. A média das temperaturas, na região, para o mês de novembro, é 23°C; em dezembro, 25°C e, em janeiro, 26°C (considerando a estação INMET/São Luiz Gonzaga/1981-2010). Assim, recomenda-se atenção especial dos produtores ao conforto térmico animal, especialmente de bovinos leiteiros, aves e suínos, que são cadeias muito importantes na região. O estresse por temperaturas elevadas pode causar severos prejuízos nessas atividades, impactando a produção diária de leite e o ganho de peso.

A condição meteorológica no trimestre novembro-dezembro-janeiro é muito importante para a colheita dos cultivos de inverno, desenvolvimento e enchimento de grãos da cultura do milho safra, implantação do milho safrinha e da cultura da soja no Rio Grande do Sul. No mês de outubro, a ocorrência de chuvas, em geral, apresentou valores muito heterogêneos (Vide figura). Ainda, essas chuvas ocorreram de maneira concentrada em alguns dias, proporcionando boas janelas para a colheita da cultura do trigo. Ainda, a cultura do milho tem demonstrado desenvolvimento razoável até o momento. Entretanto, o prognóstico de chuvas abaixo da média nos meses de novembro, dezembro e janeiro é extremamente preocupante para essa cultura, com potencial para prejudicar o seu desenvolvimento e o enchimento de grãos. Também é preocupante com relação à implantação da cultura da soja e recomenda-se atenção especial à umidade do solo na semeadura e evitar semear quando há previsão de chuvas intensas, evitando a compactação superficial do solo, o que pode prejudicar a emergência da cultura. A diminuição da intensidade do fenômeno La Niña no início de 2022 parece soar como um sinal de esperança para a safra que está se iniciando. Entretanto, ainda é muito cedo para se ter uma estimativa precisa, que deve ser possível nos próximos meses.

Em Caibaté, estação que mais registrou chuva, o acumulado chegou a 440 mm, 76% acima da média histórica do mês de outubro (250 mm). Já em Santo Ângelo, foram registrados apenas 77 mm de chuva em todo o mês de setembro, valor que corresponde a 31% da média do mês. Assim, fica ainda mais clara a grande variabilidade espacial das chuvas na região.

As estações meteorológicas da UFFS registraram valores muito elevados de temperatura do ar no mês de outubro de 2021, chegando à marca dos 37°C em São Paulo das Missões. Essas condições, especialmente de temperaturas elevadas, podem favorecer a proliferação de pragas, como a cigarrinha do milho, que tem ganhado importância na região. O valor mínimo de temperatura registrado foi 8°C, na grande maioria das cidades.

Recomenda-se que os agricultores mantenham diálogo constante com os profissionais que acompanham o planejamento e a execução de sua produção, visando estabelecer as melhores estratégias para minimizar impactos de possíveis condições meteorológicas adversas.

 

(*) O boletim climático e interpretação agronômica faz parte do projeto de extensão Difusão da previsão meteorológica e climática a comunidade regional, coordenado pelo professor Anderson Spohr Nedel com a colaboração do professor Sidinei Zwick Radons.

Fonte: Anderson Spohr Nedel / Sidinei Zwick Radons
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