Existe uma injustiça do povo gaúcho que o atavismo impede a evolução cultural de corrigir, que é o de chamar prostitutas de "chinas".
Injustiça porque antes mesmo deste apelido ser utilizado para as profissionais do sexo, ele já era usado para denotar toda e qualquer vivente do sexo feminino.
Então alguma confusão se faz, principalmente quando lemos ou escutamos algo fora do contexto, ao chamar uma moça de china.
O saudoso payador, poeta e compositor Jayme Caetano Braun, já dizia no poema China.
"Bendita china gaúcha
Que és a rainha do pampa,
E tens na divina estampa
Um quê de nobre e altivo.
És perfume, és lenitivo
Que nos encanta e suaviza
E num minuto escraviza
O índio mais primitivo!"
A história não conta, apesar de ser um preparo bem comum e tradicional da região. Acredita-se que na época de revolução farroupilha (meados do século XIX), tempos de escassez e guerras, as prostitutas mais pobres tinham pouco para oferecer para seus clientes e faziam esse preparo.
Sem mais delongas, vamos à receita, que é simples e saborosa.
Ingredientes:
1 "roda" de linguiça (geralmente a defumada)
1 cebola
2 dentes de alho
1 colher de banha de porco (ou qualquer outra gordura para refogar)
2 xícaras de arroz
Pimenta a gosto (o tipo também)
Pouco sal
Água quente
Modo de Preparo:
Refogue a linguiça na gordura (se não for defumada, dê uma leve fritada). Depois coloque a cebola e o alho. Coloque em seguida o arroz pra dar uma pequena fritada nessa mistura e ponha um pouco de água. Mexa sempre pra não grudar. Nesse momento você coloca um pouquinho de sal e o quanto chegue de pimenta, lembrando sempre de experimentar a linguiça antes, pois ela já tem uma boa quantidade, cuidando pra não ficar muito salgado. Cubra com água quente e deixe cozinhar o arroz, com a panela tampada, e vá experimentando o ponto do arroz, se precisa ou não de mais água, processo normal de cozimento. Esse é o jeito tradicional de se fazer o Arroz de China Pobre.