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Publicado em 07/11/2021 12:18:49 • Artigos

Aurora 75 Anos - Final

Alambrado do Campo da Baixada foi inaugurado em outubro de 1969
Alambrado do Campo da Baixada, no dia da inauguração (Foto: Valdemar Sandri)

Por Lauro de Wallau

Como mencionei no texto anterior (leia AQUI), minha participação como ex-dirigente do Aurora foi insignificante se comparada às dezenas de outros desportistas que por décadas se dedicaram para construir a história do Aurora. Foi no final da década de 1960/70, quando após algumas tentativas fracassadas para se eleger uma nova diretoria, um grupo de associados reunidos na então Churrascaria Querência (atual Centro Comercial Daubermann) foi designada uma comissão que ficaria responsável por administrar o patrimônio do clube, até que se encontrasse alguém disposto para assumí-lo.

Participei desta Comissão Provisória, juntamente com os desportistas Juan Tropea, Oscar Thomas, Aldo Lehn, Nenê Moscon, Pedro Malek (já falecidos) e mais Valdemar Sandri e Dario Sperb, que hoje residem em Porto Alegre.

Não recordo por quantos meses/anos esta Comissão administrou o Aurora, cujo time estava desmobilizado, sem técnico... Por razões que ignoro, mas lembro que uma delas era o fato do Campo da Baixada não ter um cercado que oferecesse segurança, especialmente às equipes visitantes. Apenas no lado oeste havia um parapeito de madeira. Por isso nossa Comissão decidiu pôr mãos a obra para encontrar uma solução. Foi então que o presidente da Comissão, Valdemar Sandri, e o Sr. Oscar Thomas, no automóvel deste, foram a Bento Gonçalves, encontrar-se com o Comandante do Batalhão Ferroviário para pedir-lhe a doação de alguns trilhos de trem que estavam "esquecidos" num terreno baldio da estação ferroviária. Em poucos dias veio a confirmação da doação, e o Valdemar que na época era funcionário de confiança do Prefeito Rodolfo Frantz, conseguiu a cedência de um carregador para trazer os trilhos até a Metalúrgica Bulling, que gratuitamente os dobrou e cortou no tamanho adequado, para servirem de base para o alambrado. Todo arame necessário para confeccionar a tela do alambrado foi adquirido pelo preço de atacado, através do Empório de Ferragens do seu Oscar Thomas, e confeccionada gratuitamente na fábrica de telas do seu Walter Backes, então localizada defronte ao prédio da Câmara de Vereadores. O cimento necessário para concretar os postes veio da doação de diversos empresários locais, sendo que a pedra brita e a mão de obra para a construção do alambrado foi em grande parte contribuição da Prefeitura. Foram colocadas também novas goleiras com canos de ferro e reformada a copa e todo o tapume de tábuas junto ao limite com a Rua Daltro Filho.

Outra notável realização desta Comissão Provisória, foi a aquisição do sr. Jacó Bohnenberger de São Pedro do Butiá, da área de 40 metros de frente por 150 metros de fundos, para ampliação do campo na direção norte, pois o limite original da área do Aurora era a um metro da goleira. A aquisição dessa área foi possível graças a um empréstimo de custeio de lavoura no Sulbanco, em nome do seu Oscar Thomas e avalizado pelos demais membros da comissão e que foi pago depois da reinauguração do estádio.

Sem quadro social contribuinte, sem time, sem promoções esportivas, sem fonte de renda alguma, como foi possível realizar estes investimentos, em poucos meses sem deixar dívidas? Fui o tesoureiro da Comissão, por isso posso testemunhar que os recursos vieram de três promoções principais: a maior foi a proveniente duma rifa pela loteria federal de um carro Volkswagen, organizada em parceria com um promotor de eventos esportivos de Santo Ângelo; outra fonte de receitas, foi a venda de espaços publicitários, em placas afixadas no alambrado em todo lado leste do campo e por fim o lucro obtido com o histórico evento esportivo da inauguração do alambrado, ocorrido em 26 de outubro de 1969, quando milhares de torcedores compareceram ao Campo da Baixada, para assistir a partida inaugural, entre o Aurora e a equipe juvenil do Internacional de Porto Alegre, evento esportivo até então inédito em toda região missioneira.

Assim, ao ensejo da comemoração dos 75 anos do Alvi-azul da Baixada, é deplorável e muito dolorido constatar que do seu belo estádio, erguido com muito suor e dedicação por inúmeras diretorias do passado, que literalmente pagavam para sustentar e construir o patrimônio e a gloriosa história do Aurora dos bons tempos do mais puro futebol amador de várzea, hoje restem apenas escombros e ruínas soterradas às margens do arroio Encantado.

Mesmo assim, penso que de nada adianta agora chorar pelo leite derramado, mas sim todos atuais amantes do esporte e irmanados ao Poder Público Municipal, apoiar o trabalho desinteressado e perseverante do atual presidente Silvinho Medeiros e seus companheiros, que lutam para preservar a memória do Aurora e não deixar cair a peteca da prática esportiva saudável em nossa comunidade, pois praticar esportes, é fator de educação e de saúde pública para afastar as novas gerações da escravidão das drogas e das redes sociais.

Fonte: Lauro de Wallau
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